O PARTIDO Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), partido que sustenta o Governo da Guiné-Bissau, ameaça liderar um processo de destituição do Presidente do país, José Mário Vaz, também eleito pelo partido, se mantiver o repetido desrespeito dos símbolos nacionais.
A ameaça é um dos pontos das resoluções do “Bureau” político do PAIGC, que esteve reunido na sexta-feira e sábado para analisar a situação política no país.
Segundo uma fonte do PAIGC, as resoluções apelam ao Presidente guineense para retomar a via do diálogo com as restantes figuras do Estado, nomeadamente com o Primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira, com quem tem estado de costas voltadas.
O partido condena ainda de forma “veemente as repetidas atitudes de José Mário Vaz de desrespeito dos símbolos nacionais e da República e das datas históricas”, alertando para o risco de lhe ser retirada a confiança política, o que configuraria “a assunção de uma luta directa, política e judicial pela sua destituição”.
Fontes do partido recordam que o Presidente não participou nas celebrações dos 56 anos do massacre de Pindjiguiti, a 3 de Agosto; passou ao lado de uma parada militar com hino no Aeroporto de Bissau numa das últimas viagens oficiais; e trocou a bandeira nacional pela de Marrocos no Palácio da Presidência durante a visita do rei daquele país a Bissau, em Maio.
O Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde responsabiliza o Chefe de Estado “pelas consequências que possam advir do eventual bloqueio institucional decorrente da falta de diálogo”, o que poderá conduzir à convocação de eleições antecipadas presidenciais e legislativas.
Para que a paz reine no país e as instituições possam funcionar, o PAIGC convida os titulares dos órgãos de soberania “à observância escrupulosa” dos preceitos constitucionais.
O “Bureau” político tomou ainda nota da suspensão de militância decretada pela justiça do PAIGC contra a Baciro Djá, terceiro vice-presidente do partido e ministro demissionário da presidência do Conselho de Ministros.
O partido aprovou ainda uma moção de solidariedade com o seu líder e Primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira, e também com o Presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP), Cipriano Cassamá, e com os deputados que reafirmaram a sua confiança no actual Governo.
NOTÍCIAS – 10.08.2015