– O atentado que o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, sofreu na noite do passado sábado, cuja autoria é atribuida às forças governamentais, trouxe a debate a antiga pretensão de Filipe Nyusi de assassinar Afonso Dhlakama. O presidente da Renamo saiu ileso, e o debate sobre a suposta solução à moda angolana, concebida nos círculos mais radicais da Frelimo, voltou a debate.
Há muito que se vem comentando, dentro da Frelimo, que a solução para o “assunto Dhlakama” é aplicar a fórmula angolana, em alusão aos métodos usados pelo MPLA, partido no poder em Angola, que eliminou Jonas Savimbi, que era o presidente da UNITA. Dentro da Frelimo, esta hipótese não foi colocada de lado.
O próprio Filipe Nyusi tem sido conotado como parte dos que defendem esse caminho. Recorde-se que, em Outubro de 2013, Filipe Nyusi, na altura ministro da Defesa, comandou ele mesmo um batalhão que tinha como objectivo assassinar Dhlakama em Satunjira, na Gorongosa.
A operação falhou, mas foi morto um deputado da Renamo, que também era membro do Conselho de Administração da Assembleia da República, Armindo Milaco.
O atentado do passado sábado aconteceu a 15 quilómetros da cidade de Chimoio, concretamente na região de Chibata, junto a ponte sobre o rio Boamalanga, em Vandúzi, na província de Manica. Este episódio acontece numa província agora dirigida por Alberto Mondlane, outro colaborador de Nyusi no ataque a Satunjira em 2013. Na altura, Alberto Mondlane era ministro do Interior, e é um dos membros da Frelimo que tem um discurso de violência e de desprezo para com a Renamo. Num passado não muito distante, o mesmo Alberto Mondlane já havia ordenado à Polícia para inviabilizar um comício da Renamo em Macossa, distrito onde Afonso Dhlakama estava a trabalhar.
O Gabinete do Presidente da Renamo informou que a caravana em que seguia Afonso Dhlakama foi atacada por homens da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) da Polícia da República de Moçambique.
Afonso Dhlakama, que saiu ileso do ataque, foi evacuado do local pelos homens da sua segurança, até à sua residência na cidade de Chimoio, onde chegou na mesma noite.
Um jornalista da Agência Lusa que viajava na caravana do presidente da Renamo escreveu que o ataque foi dirigido por homens da Unidade de Intervenção Rápida, por volta das 19.00 horas, quando a comitiva de Dhlakama regressava de um comício em Macossa e se encaminhava para Chimoio.
Os militares do partido Renamo responderam aos tiros e entraram no mato em perseguição dos homens da UIR, enquanto o resto da comitiva, incluindo Dhlakama, permaneceu no local.
Após o ataque, e face à ameaça de uma segunda emboscada, Afonso Dhlakama, que comandou pessoalmente o desdobramento da sua guarda, ordenou que fosse feita uma escolta da sua caravana a pé, para percorrer os restantes 15 quilómetros até Chimoio, o que demorou quatro horas.
A viatura em que seguia o presidente da Renamo foi alvejada com um tiro na porta esquerda, sem feridos.
O carro em que seguia a segurança privada de Dhlakama ficou com o para-brisas quebrado, e um terceiro veículo ficou imobilizado, com os pneus furados por balas.
Um motorista de um dos veículos da caravana da Renamo ficou ferido com gravidade.
O comandante provincial da PRM foi citado como tendo negado que o ataque seja da autoria da Polícia.
Armando Mude disse que não consegue descortinar quem disparou.
“A informação que tenho é da existência, às 19.30, de um tiroteio, um pouco depois do cruzamento de Tete. Eu não consigo chegar lá, porque trata-se de uma caravana de homens armados, com um efectivo de cerca de 40 a 50 homens”, declarou o comandante provincial da PRM de Manica, Armando Mude.
CANALMOZ – 14.09.2015