O país continua a viver uma situação de paz armada, com o líder da Renamo e outros dirigentes deste partido a anunciarem e reiterarem a movimentação de Homens e a activação de quartéis militares, isto por um lado. Noutra margem, o governo e dirigentes partidários que sustentam o governo, mostram uma maior contundência discursiva quando abordam a actual tensão político/militar.
Com efeito depois de Afonso Dhlakama e o porta-voz António Muchanga terem anunciado a criação e activação do quartel de Morrumbala, na província da Zambézia, Damião José, porta-voz da Frelimo não hesitou em chamar “terrorista” a Afonso Dhlakama. Um pouco pelo país relatos de movimentação de Homens (homens armados, supostamente da Renamo) se tem multiplicado, com particular destaque para as províncias de Tete, Inhambane, Manica e Sofala.
Entretanto, apesar deste clima, o distrito de Morrumbala, local que a Renamo diz ter activado um quartel, continua bastante calmo, segundo deu a conhecer ao mediaFAX, o administrador distrital, Alberto Manharrage.
Aquele responsável distrital disse simplesmente que também já ouviu a Renamo a pronunciar-se naqueles termos, mas, de concreto, ainda não viu nada relacionado com a suposta montagem de aquartelamento nem da movimentação de homens armados.
“A vida no distrito continua a correr normalmente, tal e qual. As populações continuam a ir à machamba normalmente e as crianças a ir a escola também normalmente. Os comerciantes continuam a fazer o seu comércio e todos os dias camiões saem e entram para o distrito, pois, como sabe, Morrumbala é um distrito com enormes potencialidades agrícolas”- explicou Manharrage, dando a imagem de que efectivamente o distrito vive um clima de paz, tranquilidade e segurança públicas.
Aliás, o administrador fez questão de enumerar algumas zonas por onde passou nos últimos dias para dar a entender que efectivamente não existe intranquilidade no distrito.
“Não temos qualquer informação sobre a movimentação de homens armados” – reiterou Manharrage.
Na verdade, desde que a Renamo anunciou a concretização da activação do quartel de Morrumbala, nenhum jornalista teve a oportunidade de vislumbrar a sua localização. Ontem foi dito que Afonso Dhlakama anunciou a criação de um segundo quartel em Milange, distrito vizinho de Morrumbala.
Esta realidade acontece numa altura em que as partes interromperam o diálogo político e o encontro, ao mais alto nível, continua refém de quem cede a quem.
Para o fracasso do diálogo entre as partes, analistas apontam o facto de nenhum dos lados (governo e Renamo) estar a reconhecer a legitimidade de cada parte contendora.
MEDIAFAX – 11.09.2015