PELO menos vinte corpos das vítimas de confrontos entre a guarda do líder da Renamo e as Forças de Defesa e Segurança foram recolhidos para a morgue do hospital distrital de Gondola, província de Manica, noticiou ontem a Rádio Moçambique, citando fonte policial.
Deste número, de acordo com a RM, dezanove são membros da guarda de Afonso Dhlakama, mortos sexta-feira na troca de tiros com as autoridades policiais, e um cidadão civil, assassinado pelos homens armados da Renamo. Ainda na sequência do caso, seis pessoas ficaram feridas, incluindo um menor de um ano de idade.
Os confrontos começaram quando os homens da guarda de Afonso Dhlakama atiraram, mortalmente, contra um condutor de uma viatura de transporte semicolectivo de passageiros que seguia em sentido contrário ao da caravana. Ao cruzarem-se com o “chapa”, os homens da Renamo deram ordens ao motorista para encostar na berma da estrada. Enquanto imobilizava a viatura (cuja marca e matrícula não foram apuradas), um dos seguranças de Afonso Dhlakama disparou, atingindo, mortalmente, o motorista da viatura de transporte semicolectivo de passageiros, indo embater num camião. Os passageiros, já em pânico, desceram precipitadamente, alguns pelas janelas, indo refugiar-se no mato e pedindo socorro à população local.
Momentos depois, a Polícia da República de Moçambique foi destacada ao local para repor a ordem e tranquilidade públicas. Foi então que se seguiu a troca de tiros entre os guardas do líder da Renamo e as Forças de Defesa e Segurança, que culminou com a morte dos elementos da Renamo.
O comandante provincial da PRM em Manica, Armando Canhenze, disse, sábado, que já se vive um ambiente de calma e tranquilidade em Amatongas, zona onde ocorreram os confrontos.
“À noite, quando os tiroteios abrandaram, por volta das 22.00 horas, porque depois do que aconteceu eles (homens da Renamo) abandonaram as suas viaturas e foram, ao longo da estrada, fazer trincheiras e disparar, a população, furiosa, foi à estrada e incendiou oito carros da Renamo. A Polícia, na tentativa de acalmar os ânimos da população, somente conseguiu salvar duas viaturas da Renamo, levando-as para o comando distrital de Gondola, onde até este momento se encontram. Agora gostaríamos de onde está o líder da Renamo para podermos defendê-lo e acomodá-lo, devido ao perigo a que a sua vida pode estar exposta”, explicou Canhenze.
“O tráfego Chimoio-Gondola, que ficou condicionado na sexta-feira, devido aos disparos, já foi restabelecido. Porém, a circulação era feita com escolta policial de Inchope para Gondola, até à madrugada de sábado. De lá a esta parte, o tráfego é feito normalmente. A Polícia continua a fazer patrulhas para ver se consegue localizar o líder da Renamo. Se ele estiver em perigo, para podermos salvá-lo”, disse Canhenze.
Entretanto, o comandante provincial da Polícia em Manica indicou que possui informações segundo as quais alguns homens da guarda do líder da Renamo, que estiveram envolvidos nos confrontos com agentes da corporação, estão em direcção ao distrito de Gorongosa, na província de Sofala. “Há, também, informações da existência de soldados armados da Renamo, fardados, em grupos de quinze, que tomaram a direcção de Santungira. Estamos preocupados porque deviam vir ao nosso encontro para nos entregarem as armas e eles também se entregarem para serem enquadrados, porque são nossos irmãos. Essas armas seriam nossas e deles também para a defesa do país e não para lutarmos entre nós”, acrescentou Armando Canhenze.
Por seu turno, a comandante distrital da Polícia em Gondola, Esperança Calisto, falando ontem à Rádio Moçambique, apelou à população para deixar de dormir no mato e regressar às suas casas, pois a situação está já controlada, ao mesmo tempo que pedia que casos suspeitos fossem prontamente denunciados.
NOTÍCIAS – 28.09.2015