O Presidente moçambicano disse hoje, à margem de uma cerimónia religiosa em Maputo, que "a fé colectiva deve vencer o mal e transformar a desconfiança e o ódio em confiança mútua e carinho", e reiterou o apelo para a paz.
"Devemos nos orgulhar da nossa identidade e tudo fazermos para preservar a paz, tendo em conta que as nossas diferenças nos tornam mais ricos e consolidam a nossa moçambicanidade", afirmou Flipe Nyusi, citado pela Agência de Informação de Moçambique (AIMI), durante um culto na Igreja Presbiteriana em Maputo.
O apelo de Nyusi acontece poucas horas após um ataque no centro do país contra uma coluna em que seguia o presidente da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), Afonso Dhlakama, que saiu ileso.
Em conferência de imprensa, Dhlakama atribui o ataque à Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), embora sem saber ao certo quem abriu fogo contra a sua coluna e apesar de no local do incidente, à semelhança dos seus militares, ter imputado a emboscada à Unidade de Intervenção Rápida (UIR) e de jornalistas terem observado feridos com uniforme desta força de elite moçambicana.
Na cerimónia hoje da Igreja Presbiteriana para a qual foi convidado, o Presidente moçambicano insistiu na mensagem da unidade, exortando os moçambicanos a "privilegiar todas as acções que visam cimentar os laços que os unem como um povo e nação".
Filipe Nyusi tem dirigido reiteradamente mensagens para o líder da oposição, a mostrar a sua disponibilidade para discutir a actual situação de instabilidade política e militar no país, mas Dhlakama recusa, alegando a ausência de uma agenda concreta e o incumprimento dos acordos de paz já existentes.
Após o ataque de que foi alvo no Sábado, na província de Manica, Dhlakama disse, porém que o diálogo "não vai parar", desde que não sejam, observou, as conversações de longo-prazo há muito bloqueadas entre as duas partes em Maputo ou apenas "para apertar a mão [ao Presidente da República] para dizer que há estabilidade em Moçambique".
Segundo o presidente da Renamo, a disponibilidade para negociar depende de "falar sobre o futuro em Moçambique enquanto moçambicanos" sobre coisas concretas e não "brincar com a Frelimo".
Uma caravana de automóveis em que seguia o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, foi atacada ao início da noite de Sábado na província de Manica, centro de Moçambique, existindo pelo menos sete feridos, três da Renamo, um dos quais grave, e quatro presumíveis atacantes.
O ataque, testemunhado pela Lusa no local, aconteceu em Chibata, junto do rio Boamalanga, quando a comitiva de Dhlakama regressava de um comício em Macossa e se encaminhava para Chimoio, capital de Manica.
Quase vinte minutos depois da emboscada, repelida a tiros pela guarda da Renamo, uma viatura da UIR, lotada de agentes desta força, passou no local, fazendo sinais de emergência, observou a Lusa.
Meia hora depois, uma ambulância cruzou também o local em direcção a Chimoio.
Após o ataque, e face à ameaça de uma segunda emboscada, Afonso Dhlakama, que comandou pessoalmente o desdobramento da sua guarda, ordenou que fosse feita uma escolta da sua caravana a pé para os restantes 15 quilómetros para Chimoio e que demoraram quatro hora a percorrer.
Moçambique vive momentos de incerteza política, com o líder da Renamo a não reconhecer os resultados das últimas eleições gerais e a exigir a governação nas províncias onde reclama vitória, sob ameaça de tomar o poder pela força.
Lusa – 13.09.2015
NOTA:
Realmente parece só restar ao PR Filipe Nyusi “rezar a todos os santinhos”… Talvez algum o salve.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE