A Renamo afirmou hoje que sete elementos da comitiva do presidente do partido, Afonso Dhlakama, morreram, num alegado ataque na sexta-feira na província de Manica, centro de Moçambique, e mostrou preocupação com a atual situação no país.
"Estou a confirmar que o presidente de Dhlakama mais uma vez caiu numa emboscada ontem [sexta-feira], que resultou na morte de sete elementos da Renamo, quatro civis e três militares", disse hoje o porta-voz da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), em conferência de imprensa realizada em Maputo.
António Muchanga afastou rumores sobre o paradeiro de Afonso Dhlakama desde o fim do dia de sexta-feira, afirmando que o líder da oposição se mantém na província de Manica, embora se tenha recusado a informar o local concreto.
"Queremos dizer ao povo moçambicano que o presidente Dhlakama saiu são e livre, está em bom estado de saúde, moralmente preocupado com o caminho que nossos detratores escolheram para que fosse seguido no país", declarou Muchanga.
O porta-voz da Renamo disse que a prioridade do partido é retirar os corpos das suas vítimas e dar-lhes um funeral condigno e que Dhlakama vai continuar a lutar pela democracia em Moçambique.
"A luta pela democracia continuará, o presidente Dhlakama persistirá e resistirá a todas as tentativas de destruir a democracia no país", referiu.
O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, disse na sexta-feira à Lusa que escapou ileso a um novo ataque em menos de duas semanas na província de Manica, centro de Moçambique.
O ataque ocorreu hoje ao fim da manhã na Estrada Nacional 6 (EN6) em Zimpinga, distrito de Gondola, quando a comitiva da Renamo seguia para Nampula, segundo o presidente do partido, que falava no local do incidente.
Dhhlakama permaneceu no local até às 18:00 locais de sexta-feira, afirmou António Muchanga, que referiu baixas entre dezenas dos atacantes e que "maioritariamente não traziam uniformes, estavam vestidos à civil, mas tinham coletes [à prova] de balas" e deixaram no terreno armas ligeiras e uma bazuca.
A polícia de Manica rebateu na sexta-feira a versão da Renamo de que tinha sofrido uma emboscada e atribui à comitiva de Dhlakama um ataque a um ?chapa' (carrinhas de transporte semipúblicos), assassinando o motorista.
"O que custa é descobrir quem está a fazer os desmandos, mas nós já descobrimos, são homens da Renamo, estavam numa caravana, dispararam e atingiram mortalmente alguém", afirmou, em declarações à Rádio Moçambique, o comandante da polícia em Manica, admitindo procedimento criminal pelo homicídio de um civil
Quando se dirigiu na sexta-feira ao local, a Lusa observou um "chapa" e no seu interior estava o motorista e alguns passageiros mortos.
Na conferência de imprensa de hoje, o porta-voz do maior partido de oposição afastou a autoria de disparos contra o "chapa", salientando que "não é prática da Renamo atacar civis".
"É uma mentira. Mesmo que tivesse acontecido, quantas pessoas a polícia tem baleado aqui. E quantas vezes fomos matar a polícia que baleou?", questionou Muchanga.
Este é o segundo incidente em menos de duas semanas que envolve o líder da Renamo, depois de no passado dia 12 de Setembro, a comitiva de Dhlakama ter sido atacada perto do Chimoio, também na província de Manica.
Na altura, a Frelimo acusou por sua vez a Renamo de simular a emboscada, enquanto a polícia negou o seu envolvimento, acrescentando que estava a investigar.
Em entrevista ao semanário Savana, o ministro da Defesa, Salvador Mtumuke, também negou o envolvimento do exército.
Moçambique vive sob o espectro de uma nova guerra, devido às ameaças da Renamo de governar pela força nas seis províncias do centro e norte do país onde o movimento reivindica vitória nas eleições gerais de 15 de Outubro do ano passado.
HB (AYAC/PMA) // PJA
Lusa – 26.09.2015