Guardas leais ao destituído Presidente do Burkina Faso, Blaise Campaore, detiveram esta quarta-feira o presidente interino e o Primeiro-ministro.
Membros do poderoso Regimento de Segurança do Presidente invadiram o gabinete às 14h00 e detiveram o presidente do Burkina Faso, Michel Kafando, o Primeiro-ministro, Isaac Zida, e dois ministros (Augustin Loada e Rene Bagorol), disse o porta-voz interino do parlamento, Cheriff Sy.
Um jornalista disse que as tropas perto do palácio presidencial dispararam tiros para dispersar uma multidão que se aglomerou para condenar a atitude dos guardas.
Foi impossível verificar de imediato se foram usadas balas verdadeiras ou se alguém ficou ferido.
O tiroteio continuou até altas horas da noite. Os manifestantes fugiram em direcção ao centro da cidade enquanto continuava o som das armas. As emissões da Rádio França Internacional e da estação privada Omega foram interrompidas.
A multidão tinha-se aglomerado com apitos e vuvuzelas perto do palácio, gritando: Libertem Kosanyam (o nome do palácio) , e abaixo o RSP (Regimento de Segurança Presidencial.
Sy classificou a detenção do Presidente e do Primeiro-ministro como um sério ataque à república.
Apelo a todos os patriotas para se mobilizarem para defenderem a nossa terra, disse, acrescentando que o dever nos chama porque a nação burkinabe está em perigo.
Apelamos à solidariedade que forças activas, forças políticas, a sociedade civil e a comunidade internacional têm para com todo o povo do Burkina Faso para vencer esta operação.
Campaore foi derrubado em Outubro do ano passado e exilou-se na Costa do Marfim depois de um levantamento popular provocado pela sua tentativa de estender o seu mandato depois de 27 anos no poder.
Um governo de transição foi encarregue de governar aquele país pobre até à realização de eleições presidenciais e legislativas, cuja primeira volta está marcada para 11 de Outubro próximo.
O RSP têm, por várias vezes, tentado afastar o governo de transição.
Na segunda-feira, a Comissão de Reformas e Reconciliação recomendou que a força do RSP, com 1.300 homens, considerado a melhor tropa do país, seja desmantelada.
O movimento cívico Bali Citoiyen, que tem está estado na linha da frente das manifestações anti-Campaore apelou aos manifestantes para se juntarem para dizerem não ao golpe de estado que se está a desenrolar, um apelo largamente partilhado nas redes sociais.
A estação de televisão estatal estava a emitir os programas habituais, incluindo até uma partida de futebol. Os seus edifícios têm tradicional mente sido protegidos pelo RSP.
Um jornalista local disse que os funcionários abandonaram os escritórios da estação de TV quando chegaram reforços do RSP.
O RSP provocou uma breve crise política em Junho exigindo a exoneração de Zida, um Tenente Coronel e numero dois do regimento, que publicamente tinha apelado ao desmantelamento daquela unidade no interesse da segurança nacional.
Times/bm/sg
AIM – 17.09.2015