É que poucos dias depois dos confrontos a União Europeia emitiu um comunicado através dos seus Serviços de Acção Externa, assumindo a posição de que os dois recentes ataques que têm como alvo o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, são prejudiciais à estabilidade, ao progresso democrático e ao desenvolvimento económico do país e ainda manifestando a esperança de que seja realizada uma investigação rápida e aprofundada que esclareça as circunstâncias em que se deram os incidentes para que os atacantes sejam julgados.
Afinal quem abriu fogo contra quem? Quem disse à UE que o visado nos ataques é Afonso Dhlakama? Qual a razão destes posicionamentos? questionou Fernando Faustino, secretário-geral daquela agremiação, citado hoje pelo Notícias, aconselhando a União Europeia a deixar que os moçambicanos resolvam os seus problemas sem interferências externas.
Faustino lembrou que por várias vezes o líder da Renamo atacou alvos civis e militares, assaltou estabelecimentos comerciais, saqueou os bens da população, destruiu escolas, hospitais, estradas e pontes, entre várias outras infra-estruturas económicas e sociais sem que a UE viesse a terreiro condenar tais actos.
A Renamo promoveu uma prolongada guerra de desestabilização contra o nosso país. Matou milhares de pessoas e destruiu os bens da população. Muito recentemente promoveu hostilidades militares cujas consequências são sobejamente conhecidas por todos. Mas nenhuma chancelaria se pronunciou contra estas destruições, sublinhou Faustino. Mas hoje quando as Forças de Defesa e Segurança são chamadas para a reposição da lei e ordem, posta em causa por homens armados da Renamo numa determinada zona do país, o alvo é Dhlakama. Nós combatentes da luta de libertação nacional condenamos veementemente estes posicionamentos e aconselhamos aqui e agora a essas chancelarias para que deixem de interferir nos assuntos internos do nosso país, sugeriu Faustino, acrescentando que os moçambicanos jamais permitirão chantagens em razão da sua pobreza.
Recordou que Moçambique é um país independente, que se guia por princípios democráticos e que recentemente realizou eleições observadas pela comunidade internacional, incluindo a União Europeia.
Todos os observadores consideraram as eleições como tendo sido livres e justas, sendo de admirar que hoje se proteja alguém que age à margem das leis, sob protesto de ter sido vítima de roubo de votos. E nessa qualidade de vítima, segundo Fernando Faustino, Afonso Dhlakama preconiza a violência para alterar a ordem política e social do país, difunde ideologias e políticas separatistas, discriminatórias e antidemocráticas e ainda promove, com recurso a todos os meios palavras ofensivas à honra e consideração devidas ao Chefe do Estado e aos dirigentes de instituições legalmente constituídas.
Entretanto, ninguém diz nada, lamentou.
O secretário-geral da ACLLN pediu ainda para que não se transforme Moçambique em Líbia, considerado Estado falhado, ou Iraque, pois os moçambicanos são um povo unido e capaz de resolver os seus próprios problemas.
Na mesma ocasião reiterou o convite ao líder da Renamo para que no lugar de se deixar influenciar por agendas externas aceite o convite do Chefe do Estado para um diálogo aberto e franco visando não só a manutenção como a consolidação da paz e consequente construção de um futuro melhor para todos os moçambicanos.
FF
AIM – 01.10.2015