LÍDER da Renamo, Afonso Dhlakama, reapareceu ontem na Gorongosa, província de Sofala, após ter “desaparecido” há quase duas semanas durante os confrontos entre os homens armados da sua guarda e as Forças de Defesa e Segurança, segundo noticiou a Agência Lusa.
Eram 15.15 horas quando Dhlakama saiu das matas da Gorongosa, na zona de Macucuá, e se apresentou a jornalistas e observadores nacionais convidados pela Renamo para assistir ao reaparecimento público do líder da oposição.
“Mando uma mensagem para o povo. Contem comigo, não iremos desistir por temer a morte. Não tenho medo de morrer, para mim, já morri”, afirmou Dhlakama, visivelmente cansado, numa breve declaração a jornalistas, acrescentando que a Renamo vai continuar a trabalhar e afastando qualquer vontade de vingança.
Afonso Dhlakama referiu que após o incidente do dia 25 de Setembro, em Gondola, província de Manica, percorreu dezenas de quilómetros a pé pelo planalto e atravessou o rio Púngoè até à região da Gorongosa, província de Sofala.
A operação de retirada de Afonso Dhlakama das matas foi antecedida por conversações, na vila da Gorongosa, entre dirigentes e militares da Renamo e a Polícia da República de Moçambique.
Além de jornalistas e dirigentes da Renamo, a operação de retirada de Dhlakama da chamada “parte incerta” foi testemunhada por organizações da sociedade civil e por vários mediadores no diálogo entre a oposição e o Governo.
Afonso Dhlakama não era visto em público desde o dia 25 de Setembro, após um incidente com a sua comitiva na Estrada Nacional Número Seis, no distrito de Gondola, província de Manica.
Segundo o líder da oposição, a sua comitiva foi atacada pelas Forças de Defesa e Segurança, no segundo incidente com a sua caravana.
A Polícia sustentou, por seu lado, que a comitiva de Dhlakama atirou sobre um “chapa”, matando o motorista, e que os guardas da Renamo foram tomados pelo pânico e começaram a disparar uns contra os outros.
Ainda na versão da Polícia, os agentes foram deslocados para o local com o objectivo de repor a ordem pública, seguindo-se depois um intenso tiroteio que matou mais de vinte homens da oposição.
De acordo com a Renamo, desse incidente resultaram apenas sete baixas entre os seus homens e Afonso Dhlakama saiu a pé pelo mato para um lugar desconhecido.
O líder da oposição saiu ontem da mesma região onde permaneceu escondido durante quase dois anos na última crise com o Governo e que só terminou com o Acordo de Cessação das Hostilidades Militares, assinado a 5 de Setembro de 2014 em Maputo, com o ex-Presidente Armando Guebuza, após 17 meses de confrontações militares na região centro.
NOTÍCIAS – 09.10.2015