A TALHE DE FOICE por Machado da Graça
Desde que o jornalismo é jornalismo que isto vem acontecendo. O cronista regular chega à data do fecho do jornal e não tem tema para a sua crónica. É o que me está a acontecer hoje.
Na última semana o Governo, através das suas forças fardadas ou vestidas à civil (com coletes anti-bala) não tentaram matar Afonso Dhlakama.
Igualmente não tenho conhecimento de que se tenha endividado,
mais, para comprar uma frota de pesca ao bacalhau. Que eu saiba só andam a tentar apanhar um tubarão assassino (ou esfomeado?) em Inhambane, até onde sei sem grande sucesso.
É verdade que temos o Ministro da Defesa na China a comprar mais armas para este nosso país que dizem estar em Paz, e o Eng. Nyusi garante que vai manter em Paz. Para que servem então todas as armas que estão a ser compradas?
Para dar ao Gonçalo Mabunda e ele transformar em obras de arte. É o apoio do Governo à Cultura. Para que mais havia de ser?
É claro que se pode falar de outras coisas que não são política.
Por exemplo do enterro do Centro Internacional de Conferências Joaquim Chissano no quintal de um hotel chinês. Mas isso não é política. Ou será que é?
O pão subiu e muitas outras coisas estão a subir (não, não falo dos salários...) mas dizem-nos para não nos preocuparmos. Para tratar desse tipo de assuntos temos a nossa FIR e a essa não faltam armas e equipamentos. É verdade que a Polícia de Investigação Criminal não tem meios e é, sem dúvida, por isso que não resolveu nenhum dos casos criminais de impacto social desde o assassinato de Siba Siba Macuácua. Mas também, que diabo, o que são 14 anos na nossa História?
E há mesmo coisas de que nos podemos orgulhar. Ao contrário do que dizem os famosos Profetas da Desgraça, nós não andamos sempre a reboque da política angolana. Agora foram eles a copiar-nos: criaram o seu próprio G40. Só que lá, como têm diamantes (o petróleo está em crise...) sempre podem atribuir instalações e salários e ter chefe de nomeação presidencial.
Entre nós há quem se divida entre a inveja e a esperança de ser contratado por Luanda como assessor. Já devem estar a enviar curricula...
Enfim, não sei do que falar. Mas como o chefe de redacção deve estar a telefonar perguntando pela crónica vou-lhe mandar estes desabafos. Pode ser que pegue...
SAVANA – 23.10.2015