O presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, poderá deixar as matas, por vezes designadas como “parte incerta”, num processo que envolve os negociadores e jornalistas. Após uma semana de contactos entre os mediadores, a Renamo e o Governo, parece estarem criadas as condições para que Afonso Dhlakama abandone o seu esconderijo, que se supõe que seja a serra da Gorongosa, na província de Sofala.
Hoje, quinta-feira, completam-se duas semanas desde que Afonso Dhlakama escapou a uma tentativa de assassinato no planalto de Zimpinga, na província de Manica, quando saía de um comício. A Renamo atribuiu às tropas governamentais a autoria dos ataques à caravana do seu presidente, apesar de o Governo se desdobrar em justificações ocas.
Desde então, Dhlakama refugiou-se em parte incerta, avolumando-se cada vez mais o clima de desconfiança e comprovando-se a precariedade da reconciliação. No passado fim-de-semana houve confrontos em Manica e em Tete, e prosseguia a caça a Afonso Dhlakama, não se compreendendo até que ponto vai, afinal, a seriedade do Governo.
As informações de um plano para assassinar Afonso Dhlakama, após duas tentativas falhadas, colocaram em causa a imagem de Filipe Nyusi e do seu Governo, que são vistos numa atitude de hipocrisia, pois, por um lado, falam de paz, e, por outro lado, comandam ataques contra Afonso Dhlakama.
Foi nesse contexto que o próprio Governo se viu na necessidade de se envolver no processo, ao contactar os mediadores que já se comunicavam com a Renamo. Jornalistas dos principais órgãos de comunicação do país já estavam na noite de ontem em Chimoio, de onde se espera poderem rumar para a Gorongosa, e de lá saírem com o presidente da
Renamo. Até à noite de ontem, os mediadores Filipe Couto e Lourenço do Rosário já estavam na Beira.
Para a sua saída, Dhlakama exigiu muitas personalidades, incluindo jornalistas, para evitar que haja mais uma emboscada. Segundo o que o “Canalmoz” sabe, os mediadores já informaram ao Governo para disciplinar as Forças Armadas nas províncias de Manica e Sofala, para evitarem incidentes como os de 25 de Setembro. Mas a incerteza e a desconfiança sobre o que poderá acontecer são elevadas.
CANALMOZ – 08.10.2015