Os governos de Moçambique, conduzido pelo partido Frelimo, e da África do Sul, sob a direcção do Congresso Nacional Africano, ANC, estão a afundar, de forma bastante grave e injusta, a economia de Moçambique ao manterem uma simbólica tarifa de compra e venda da corrente eléctrica produzida pela Hidroeléctrica de Cahora Bassa, HCB, à ESKOM, empresa sul-africana de produção e distribuição de energia eléctrica, na terra do rand.
A ESKOM continua a comprar a nossa electricidade da HCB pelo mesmo preço de 1982, tempo em que o rand sul-africano se equiparava (1U$D=1,09Rand) ao dolar americano. Nos dias que correm, um dólar americano está para 12.16 randes sul-africanos e a tabela do preço de venda da corrente eléctrica à ESKOM ainda mantém-se invariável, por motivos desconhecidos pela maioria dos moçambicanos.
O novo acordo de fornecimento de eletricidade, de 2007, a ESKOM compra a energia da HCB a 0,1256 randes por KW/h. Este valor já era um absurdo em 2007, considerando os níveis de preço da energia produzida na África do Sul e no Mundo. Os preços médios estão a 32 cêntimos do dolar na Alemanha, 20 cêntimos na França, 16 cêntimos no Brasil e 14 cêntimos na Rússia, enquanto a ESKOM compra à HCB por 0,1256 randes por KW/h, o equivalente a 0,01032 dólares.
Um preço realista poderia ser, pelo menos 1,80 randes por KW/h ao invés dos irrisórios 0,1256 randes. Porém, a electricidade produzida pela Central Termo-eléctrica de ciclo combinado de Ressano Garcia está a ser vendida à ESKOM a 1,49 randes por KW/h. Porquê essa diferença assim tão escandalosa nos preços de venda da electricidade a mesma entidade?
Na estrutura accionista da central termo-eléctrica de ciclo combinado de Ressano Gracia estão acotoveladas as elites politico-económicas do partido Frelimo, aquelas que saqueiam o nosso Estado, por isso, tiveram o cuidado de negociar, com alguma racionalidade, o preço de venda da energia aí produzida enquanto a HCB pertence ao povo.
Não há dúvida de que as elites politico-económicas da Frelimo estão viradas, apenas, para os seus interesses privados e servem-se do Estado para se afirmarem como endinheirados, ricos e nunca como uma nova burguesia nacional laboriosa capaz de contribuir para o desenvolvimento do seu país. Noutros quadrantes do Mundo, ser burguês não é sinónimo de ser ladrão ou um gestão publico corrupto, um pai presidente, ministro ou governador de província. É o que temos estado a verificar todos os dias.
No mundo civilizado, trabalha-se no duro para se ser rico e não se vai na boleia do Estado para acumular riqueza nem dinheiro, diferente do que se passa em Moçambique onde é preciso ser corrupto para se ser empresário de sucesso o user filho de um governante. Ser governante é diferente de empresário.
Os nossos governantes deveriam optar pela vida empresarial ou serem apenas governantes. Quando não há a separação entre as duas coisas, temos a promiscuidade, roubos e corrupção desenfeada.
Se ontem o mobutismo (referente à governação do antigo presidente Mobutu Sese Seko, do Zaire, RDCongo) nos repugnava a consciência, o guebuzismo (políticas que se mostraram ser um grande desastre politico-social económico que Armando Guebuza, antigo presidente de Moçambique impôs ao país) revela-se pior nos aspectos de saque desenfreado do bem publico, que é uma verdadeira epidemia que destrói o tecido económico moçambicano, temperada de exclusão social baseada na cor partidária.
Guebuza governou o país, durante 10 anos, com os olhos postos nos seus interesses empresariais e da sua família. Nunca presto atenção aos problemas do povo e do país, mesmo a EMATUM não visa servir Moçambique, mas sim, interesses particulares de quem, secreta e de forma criminosa, endividou o povo, obrigando o governo a voltar a fazer a genuflexão perante o Fundo Monetário Internacional.
Nota. Trabalho com base na crónica de André Thomashausen, Professor de Direito Internacional na University of South Africa.
In https://www.facebook.com/edwin.hounnou/posts/1676436585904617