Estudantes e professores moçambicanos criaram uma associação de historiadores, com o objetivo de incentivar a pesquisa e refletir sobre a forma como é contado o passado em Moçambique.
"O nosso objetivo principal é claro: fomentar a pesquisa histórica no país", disse Joel das Neves Tembe, presidente da assembleia-geral da Associação de Historiadores de Moçambique (Ahimo), em entrevista à Lusa.
A iniciativa, pensada há dez anos, começou a ser materializada em 2013, com a legalização da associação e a definição dos seus estatutos, faltando nomear a direção, num projeto que pretende juntar, além de historiadores, estudantes e professores de diversas áreas do conhecimento em Moçambique para discutir esta área em Moçambique.
Joel das Neves Tambe, também diretor do Arquivo Histórico de Moçambique, disse que a iniciativa visa também criar um espaço para que os jovens historiadores apresentem suas pesquisas, um incentivo para o surgimento de " formas mais equilibradas" de contar a História de Moçambique.
"Este é um país que praticamente não conhece a sua História", lamentou Joel das Noves Tambe, acrescentando que Moçambique precisa "voltar, em termos cronológicos, e recuperar a sua História", sob o risco de perder a sua identidade como nação.
Por seu turno, Carlos Quembo, historiador e cofundador da associação, enalteceu à Lusa a importância do projeto na preservação das fontes históricas do país, destacando o papel da História na criação da consciência coletiva de uma "jovem nação".
"Nós acreditamos que a História de um país é extremamente importante para a construção e para consciência coletiva entre as pessoas", salientou o também professor de Economia Política da África Austral na Universidade Eduardo Mondlane (UEM), a maior do país.
Quando o país assinala 40 anos de independência e alguns historiadores moçambicanos reclamam a necessidade de se adotarem novas formas de contar o passado do país, Carlos Quembo entende que a associação vai criar um espaço para uma reflexão sobre outras interpretações, destacando, no entanto, que a História oficial de Moçambique "não é necessariamente falsa".
"A História oficial tem de ser percebida como uma interpretação e existem outras e variadas interpretações", reiterou o historiador, justificando, com isto, a existência da Ahimo como um espaço propício para o debate destas novas ideias, na medida em que a investigação é um processo contínuo e permanente.
"A Ahimo será mais do que uma associação, será é um movimento, que envolve a todos que se identificam com os estatutos da associação", concluiu Carlos Quembo.
EYAC // EL
Lusa – 15.11.2015
NOTA:
Para já sugiro 3 temas:
- Massacre Mueda
- Como seria ou se existiria Moçambique se Gungunhana vencesse as tropas portuguesas
- Criação e evolução do Campo de Metelela.
Fico no aguardo.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE