O GOVERNO moçambicano, através do Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural (MITADR), vai suspender por um período inicial mínimo de cinco anos, a exploração da madeira de pau-ferro por se encontrar em perigo de extinção.
A medida foi anunciada pelo Ministro da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, no decurso do segundo encontro de reflexão sobre a exploração e exportação de recursos florestais, realizado na última sexta-feira, na cidade de Chimoio, capital provincial de Manica, evento que decorreu sob o lema: “Pela Sustentabilidade na Exploração dos Recursos Florestais”.
Para além da proibição temporária da exploração, o MITADR vai, igualmente, suspender a autorização de novos pedidos de áreas de exploração desta espécie, medida que, entre outros objectivos, visa permitir o seu reflorestamento.
Na ocasião, Celso Correia, que orientou o encontro, anunciou também que, para além das medidas recaídas sobre o pau-preto, o Governo vai analogamente suspender a exportação de madeira em toros de qualquer classe e, consequentemente, obrigar o alinhamento da madeira processada.
No rol das medidas visando salvaguardar as florestas moçambicanas, Celso Correia afirmou que o sector que dirige, através da área de florestas, pretende apostar num projecto denominado “floresta em pé”, que tem por objectivo promover o desenvolvimento rural baseado na protecção, conservação, valorização, criação e utilização sustentável da floresta.
Com esta iniciativa pretende-se também apoiar o sector privado na perspectiva de desenvolver e consolidar a indústria madeireira nacional, bem como a diversificação e maximização da cadeia de valor do sector florestal, para além do apoio à criação de postos de trabalho no sector florestal, através da variação de bens e produtos, baseados no paradigma da conservação.
Ainda fazem parte dos objectivos do MITADR, no âmbito do projecto “floresta em pé”, mitigar o impacto das medidas de reestruturação do sector de floresta, promover o desenvolvimento das comunidades locais e criar alternativas à exploração desenfreada deste importante recurso natural.
Segundo Celso Correia, os recursos florestais revestem-se de grande importância económica, social, cultural, ambiental e científica, para a actual e futura gerações dos moçambicanos, enquanto fonte de geração de emprego e renda no meio rural.
O titular do MITADR deu a conhecer que Moçambique possui cerca de 40 milhões de hectares de floresta dominada “miombo”, correspondendo a 51 por cento da superfície do país, dos quais 27 milhões de hectares de floresta tem potencial para exploração de madeira.
Correia explicou ainda que cerca de 70 por cento da população moçambicana vive em zonas rurais, numa dependência directa sobre os recursos florestais como sua fonte de energia de biomassa, representada pelo consumo de lenha e carvão.
Neste contexto, revelou que a pressão sobre a floresta no meio rural atinge, actualmente, uma média de 30.6 milhões de hectares de floresta, representando 80 por cento da energia total consumida anualmente pelas famílias rurais.
Entretanto, o Director Provincial do Plano e Finanças, Virgulino Nhate, presente no encontro em representação do Governo local, deu a conhecer que Manica possui uma área de três milhões e 456 hectares de florestas, correspondentes a 55.5 por cento da superfície da área total da província.
Quanto ao potencial da produção florestal, Nhate disse que Manica possui mais de 114 mil 460 milhões de metros cúbicos, o que equivale a dizer que a província é uma das importantes na componente madeireira.
ABATE DESENFREADO E ILEGAL DE MADEIRA
A província de Tete, no centro do país, é considerada como sendo a que apresenta maior número exploradores furtivos de madeira ao nível nacional, segundo deu a conhecer o titular da pasta da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural, Celso Correia.
Celso Correia afirmou que depois de Tete, as províncias da Zambézia, Nampula, Cabo Delgado e Manica seguem na lista das que apresentam maior número de operadores furtivos que fomentam a exploração desenfreada e ilegal de madeira.
VICTOR MACHIRICA
NOTÍCIAS – 18.11.2015