Numa reunião que teve lugar na sexta-feira em Inhambane
- Esta semana, uma missão partidária deve escalar a cidade da Maxixe para “vasculhar” o que está a acontecer em torno da fricção partidária e má gestão pública
O Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, visitou na última sexta-feira, a província de Inhambane, mais concretamente o distrito meridional de Panda. Oficialmente, o Presidente da República e da Frelimo se deslocou à província de Inhambane para in loco ver e analisar a situação de estiagem e seca profundas que, tenebrosamente, tem estado a fustigar a população daquele distrito e, por esta via, estudar mecanismos para possíveis intervenções urgentes de apoio. A partir da situação que se vive em Panda, Nyusi queria também perceber o contexto de todos outros distritos que estão a passar pela mesma situação, particularmente em Inhambane e Gaza.
Entretanto, nestes entretantos, Filipe Jacinto Nyusi conseguiu encontrar espaço para uma reunião exactamente no distrito de Panda. No encontro, estava e participou a classe dirigente da Frelimo, incluindo o presidente do Conselho Municipal da Maxixe, Simão Rafael. Simão Rafael, segundo se sabe, anda há já algum tempo a fazer manchetes em jornais pelos piores motivos que uma governação municipal poderia trazer. O edil da Maxixe, segundo se sabe, juntamente com o seu vereador para a área de urbanização, Jacinto Chaúque, são acusados por meio mundo de corrupção excessiva e à luz do dia, particularmente na contratação e adjudicação de obras públicas.
Nisto, a Procuradoria-Geral da República já está a mexer os devidos pauzinhos.
Um processo está já em curso, onde Simão Rafael e Jacinto Chauque estão a ser investigados em torno das informações que correm da sua participação em esquemas corruptos de adjudicação de obras públicas naquele município que é, na verdade, o pulmão económico da província de Inhambane.
A ministra da Administração Estatal já também disse que o seu pelouro está atento às acusações que correm contra os dois gestores públicos. É com base nestes pressupostos que, na última sexta-feira, na reunião por si presidida, o Presidente da República e da Frelimo não resistiu e, em plena sessão, mandou calar a boca ao presidente do Conselho Municipal da Maxixe.
“É o senhor que saiu na televisão? Acho que o senhor deve manter-se calado. Não fale” – terá assim dito, Filipe Nyusi, quando Simão Rafael tentou tomar da palavra.
O Presidente da República e da Frelimo terá assim se pronunciado quando, em plena sessão de trabalho, o edil da Maxixe tentou inocentar-se das graves acusações que recaem contra si e seu vereador.
Na técnica de não colocar a carroça à frente dos bois, o Presidente da Frelimo anunciou o envio, esta semana, de uma equipa constituída por membros do Comité Central da Frelimo, isto na perspectiva de averiguar o que efectivamente aconteceu e está a acontecer na cidade da Maxixe.
São duas situações: a primeira tem a ver com a relação que existe entre Simão Rafael (edil da Maxixe) e Hélder Francisco (primeiro-secretário provincial da Frelimo).
A segunda missão, sendo o partido que suporta o governo municipal, é averiguar o que está efectivamente a acontecer em torno das graves acusações de má gestão, desleixo e corrupção na gestão municipal.
Na Maxixe, o primeiro-secretário, apoiado por outros dirigentes da Frelimo, exigem a demissão de Simão Rafael e todo o seu elenco, realidade que abriria espaço para uma eleição intercalar. Diz-se, na Maxixe, que o próprio primeiro-secretário provincial está interessado em concorrer para o cargo de edil, caso efectivamente se avance para uma eleição intercalar. Uma ambição descrita como desonesta.
É no meio deste emaranhado todo que Filipe Nyusi pretende perceber, com exactidão, o que efectivamente está a acontecer no sentido de se avançar com uma decisão que possa ser considerada justa e de acordo com os acontecimentos no terreno.
Pelo sim, pelo não, o que é quase um dado certo na Maxixe, é que, o edil, mais cedo, mais tarde, vai mesmo ter que renunciar ao cargo de presidente do Conselho Municipal, tendo em conta a o impacto público das acusações sobre corrupção na adjudicação de obras públicas, em que ele (Simão Rafael) aparece como o principal beneficiário. (E. Arão, na Maxixe e redacção, em Maputo)
MEDIA FAX – 17.11.2015