O Primeiro-ministro moçambicano, Carlos Agostinho do Rosário, reiterou as palavras do Presidente da República, Filipe Nyusi, segundo as quais as Forças de Defesa e Segurança (FDS) devem ponderar o processo de desarmamento compulsivo de modo a dar uma actuação mais moderada.
Falando hoje na Assembleia da República (AR), o parlamento moçambicano, durante o segundo e último dia da sessão de perguntas ao Governo, o Primeiro-ministro reiterou que a ponderação nesse processo vai dar espaço ao diálogo político entre o Governo e a Renamo, iniciado em Abril de 2013 e interrompido unilateralmente pela Renamo, o maior partido da oposição no país, através do seu líder, Afonso Dhlakama, em Agosto último, após 114 rondas sem avanços significativos.
O diálogo surgiu a pedido da própria Renamo, com uma agenda elaborada por este maior partido da oposição.
Para o Primeiro-Ministro, o reatar do diálogo político terá como visão o alcance de uma paz efectiva no país.
Esperamos que este sinal de Sua Excelência o Presidente da República, para dar espaço ao diálogo, seja correspondido por todos os actores políticos e sociais do nosso país e que seja acompanhado por um processo de entrega voluntária de armas que estejam em mãos ilegítimas, afirmou.
Do Rosário apelou a sociedade moçambicana para que, de forma permanente, se empenhe na construção da paz e estabilidade, como condição fulcral para chamar mais investimento e desenvolvimento no país.
Em relação a outras inquietações dos deputados da AR, o Primeiro-ministro garantiu que o Governo vai prosseguir na prestação de atendimento especial às províncias mais afectadas pela seca, nomeadamente Gaza e Inhambane, sul do país.
O governante garantiu ainda o reforço na implementação de várias acções que visam mitigar os efeitos da seca, e que tais acções, segundo Do Rosário, passam pelo fomento de culturas tolerantes à seca e a abertura de mais furos de água multiuso, assegurando a sua disponibilidade para o consumo humano e para o gado.
Disse ainda que através dos mecanismos de diálogo e concertação social institucionalizados no país, o Governo vai prosseguir com o reforço do controlo da legalidade laboral, segurança social e promoção do trabalho digno.
Tudo isto em defesa da nossa massa laboral, que constitui o alicerce do tecido produtivo, frisou.
Perante as respostas do Executivo, as bancadas parlamentares da oposição, nomeadamente, Renamo e Movimento Democrático de Moçambique (MDM), a segunda força política da oposição no país, mostraram sua indignação.
O deputado José Lopes, da Renamo, queixou-se da rede de corrupção criada na província nortenha de Nampula, seu círculo eleitoral, o que, de acordo com aquele parlamentar, fomenta a degradação de infra-estruturas naquela parcela do país.
As estruturas administrativas de Nampula receberam altas somas em dinheiro para a reabilitação das infra-estruturas, mas, até hoje, nada foi executado, disse.
Geraldo de Carvalho, deputado do MDM, que não concorda com as respostas do Executivo, lamentou o facto de este ser repetitivo, nas respostas, e não trazer nada de novo.
O parlamento volta a reunir-se em sessão plenária, na próxima Quarta-feira.
Acácio Chirrinzane (AC)/DT
AIM – 25.11.2015