Os mediadores do diálogo político entre o Governo e a Renamo, o maior partido da oposição em Moçambique, rejeitam qualquer associação com os intermediários a quem Presidente da República, Filipe Nyusi, acusa de quererem ganhar importância e não transmitirem as mensagens correctamente às lideranças.
O posicionamento foi assumido hoje, em Maputo, em conferência de imprensa convocada pelos mediadores para reagir sobre a decisão da Renamo de convidar novos mediadores no diálogo interrompido há mais de três meses, bem como esclarecer o seu papel desempenhado durante o segundo reaparecimento à vida pública do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, ocorrido a 9 de Outubro do corrente ano.
Nós somos chamados observadores/mediadores e não intermediários. Eu penso que Sua Excelência Presidente da República foi bastante claro. Ele disse, e com toda a legitimidade, intermediários e não falou de mediadores, nem observadores do processo, afirmou Anastácio Chembeze, da Igreja Metodista, em representação a equipe de mediação.
Vincou que o grupo de mediadores do diálogo político não se identifica com os indivíduos referidos pelo estadista moçambicano.
Nós não nos revemos naquela mensagem. Não sentimos que aquela mensagem era para nós, vincou.
O académico Lourenço do Rosário, outro membro da equipe de mediadores, referiu que existem outras pessoas envolvidas no processo de manutenção da paz em Moçambique, que são os verdadeiros destinatários da mensagem do Presidente da República.
Toda gente sabe que, para além de nós, há muitas outras pessoas e grupos que têm estado a movimentar-se à volta da questão da paz, explicou, escusando-se a revelar a sua identidade.
Na ocasião, o académico acrescentou que o Presidente não precisa utilizar um outro termo que não seja aquele que o Governo oficialmente nos atribuiu.
Após o discurso de Nyusi, alguns círculos de opinião, incluindo alguns órgãos de informação, avançaram que os aludidos intermediários seriam os mediadores do diálogo político, nomeadamente, Dinis Sengulane, bispo da Igreja Anglicana; padre Filipe Couto, da Igreja Católica; reverendo Anastácio Chembeze e xeque Saíde Abibo, da Comunidade Muçulmana.
Os intermediários, devido à importância que pretendem ganhar neste processo, por vezes, não transmitem fielmente as mensagens emitidas pelas partes, afirmou Filipe Nyusi na semana passada durante um encontro com a comunidade diplomática acreditada em Moçambique.
Por isso, Do Rosário revelou que devido a interpretação da imprensa, o grupo de mediadores decidiu inteirar-se sobre o assunto e constatou que as declarações do Presidente eram dirigidas a um outro alvo.
Nós procuramos saber também sobre o assunto e temos indicações que esta intervenção não se referia a nós. Ademais, julgamos que se Sua Excelência tivesse algum problema com os mediadores ter-nos-ia chamado, disse o académico.
A equipa dos observadores durante a conferência de imprensa sublinhou que a mesma tinha sido convocada para se pronunciarem sobre as declarações da Renamo e não as do Estadista moçambicano.
ht/sg
AIM – 23.12.2015
NOTA: Mais uma vez Nyusi "falou". Mas parece que ninguém entendeu...
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE