Os mediadores do diálogo político entre o Governo e a Renamo, o maior partido da oposição em Moçambique, afirmaram hoje, em Maputo, que aguardam por escrito pelo documento formal sobre a dispensa dos seus préstimos na facilitação do processo que vinha decorrendo há mais de dois anos.
Este posicionamento surge como reacção as declarações do porta-voz da Renamo, António Muchanga, proferidas há dois dias, alegando a necessidade de novos mediadores para o diálogo político, sob o argumento de que os actuais são aprendizes.
O porta-voz da Renamo, o senhor Muchanga, disse que nós éramos aprendizes e que eles precisavam de outros mediadores e que nos tinham dispensado, disse o Doutor Lourenço do Rosário, falando em nome da equipe de mediadores, acrescentando que estamos a aguardar calmamente que recebamos, por escrito, essa dispensa.
O novo grupo de mediadores proposto por Muchanga, e que iria substituir o actual, seria constituído pelo Presidente sul-africano, Jacob Zuma, e alguns líderes religiosos da Igreja católica-romana.
A Renamo já enviou o expediente, no mês de Outubro, ao Governo a propor o Presidente Jacob Zuma, da África do Sul, e a Igreja Católica-romana. Estamos à espera da resposta formal do Governo, disse Muchanga.
Segundo Do Rosário, que também desempenha as funções de Reitor da Universidade A Politécnica, o silêncio dos mediadores após a invasão da casa do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, pelas Forças de Defesa e Seguranca (FDS), em Outubro último na cidade da Beira, visava apaziguar a tensa situação que se estava viver no país.
Depois do dia 9, nós decidimos discretamente não nos pronunciarmos e nem mesmo nos movimentarmos, a volta do processo, para não prejudicar o andamento daquilo que seria o processo do diálogo. Nós não devíamos atrapalhar o processo, estávamos parados, afirmou o mediador.
O académico referia-se a operação realizada pelas FDS e que culminou com o desarmamento de Dhlakama e da sua guarda pessoal.
Anastácio Chembeze, outro membro da equipe de mediadores, explicou que apenas foram convidados para testemunhar a saída do líder da Renamo das matas e foi precisamente isso que aconteceu.
Somos indivíduos convidados para fazer parte de um grupo e temos todo o processo de envolvimento num documento que as partes, o Governo e a Renamo, produziram chamado termos de referência. Quando aquilo aconteceu, a invasão, nós nos sentimos compelidos para reagir, referiu Chembeze
Além do professor Lourenço do Rosário, Reitor da Universidade a Politécnica, e o Reverendo Anastácio Chembeze, da Igreja Metodista, integram o grupo de mediadores, o Sheik Saíde Abibo, da Comunidade Muçulmana, o Bispo da Igreja Anglicana, Dom Dinis Sengulane e o Padre Filipe Couto, da Igreja Católica.
Refira-se que este grupo tem vindo a intermediar o diálogo político, que vinha decorrendo há mais de dois anos e que viria a encerar na sua 114ª ronda, quando o líder da Renamo ordenou a retirada da sua delegação, alegando falta de seriedade do Governo.
AHM/sg
AIM – 23.12.2015