A polícia moçambicana impediu hoje a realização de uma marcha de militantes da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), principal partido de oposição, em Maputo, considerando que o pedido de manifestação não respeitou a lei, mas o movimento rejeita esse argumento.
Nas primeiras horas de hoje, a sede da Renamo, localizada no centro de Maputo, e as avenidas que dão acesso ao local, estavam cercadas por várias unidades da Polícia da República de Moçambique (PRM), algumas transportadas por blindados.
"Segundo o despacho do presidente do município de Maputo, a Renamo não seguiu a Lei das Manifestações, sobretudo no que diz respeito ao prazo entre o pedido e a realização da manifestação e à indicação do itinerário e a polícia estava lá para impedir que ocorresse essa manifestação", afirmou, em declarações à Lusa, o porta-voz da polícia em Maputo, Orlando Mudumane.
Mudumane afirmou que a polícia fez um estudo prévio mostrando que era necessário destacar para o local um numeroso contingente de polícias de vários ramos da corporação, incluindo da unidade canina, para inviabilizar a realização da manifestação.
Em declarações à imprensa, a chefe da bancada da Renamo na Assembleia da República, Ivone Soares, acusou a polícia de deter membros da organização e de lançar gás lacrimogéneo para impedir a marcha do partido em Maputo.
"Fomos surpreendidos por todo este aparato da polícia na nossa sede, porque, no âmbito da nossa atividade parlamentar, juntámo-nos na nossa sede, para uma jornada parlamentar, com visitas em alguns mercados de Maputo", disse Ivone Soares.
A deputada acusou ainda a polícia de ter detido membros do partido que tentavam atravessar do bairro da Catembe, na margem norte da baía de Maputo, para a capital, com o objetivo de impedir a sua participação na marcha do partido.
"A Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique, partido no poder) usa e abusa da polícia para impedir o funcionamento do Estado de direito no país", declarou a chefe da bancada do principal partido de oposição.
Ivone Soares afirmou que o partido comunicou ao município de Maputo e à polícia a intenção de organizar marchas e interagir com a população da capital, como o objetivo de explicar as suas posições na Assembleia da República, durante a sessão que terminou este mês.
PMA // VM
Lusa – 29.12.2015