O estado de saúde do secretário-geral da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Manuel Bissopo, baleado na quarta-feira na Beira, centro de Moçambique, é estacionário, disse hoje à Lusa o porta-voz do maior partido de oposição.
António Muchanga disse que o secretário-geral da Renamo continua a receber cuidados médicos numa clínica privada na Beira, estando a sua transferência para África do Sul dependente de uma nova avaliação do seu quadro de saúde.
"O quadro é estacionário", disse António Muchanga, acrescentando que "o médico tinha de avaliar se [Bissopo] está em condições de aguentar [a transferência para a África do Sul]".
Manuel Bissopo foi baleado no princípio da tarde de quarta-feira na Beira, tendo o seu segurança morrido no local, segundo fontes do partido.
Ao contrário de informações que davam conta de que Bissopo tinha sido atingido no bairro da Munhava, um bastião da oposição, o incidente ocorreu no bairro da Ponta Gea, centro da Beira, quando saía de uma conferência de imprensa para denunciar alegados raptos e assassínios de quadros da Renamo.
Segundo jornalistas locais ouvidos pela Lusa, os atiradores, que se faziam transportar em duas viaturas, bloquearam o carro em que seguia Bissopo e abriram fogo
O guarda-costas do secretário-geral morreu no local, tendo os outros ocupantes que seguiam na viatura sofrido ferimentos ligeiros.
A Polícia moçambicana na Beira remeteu para hoje mais esclarecimentos sobre o caso, depois de quarta-feira não ter confirmado o envolvimento do secretário-geral da Renamo.
A Frelimo e a Renamo têm vindo a acusar-se mutuamente de rapto e assassínio dos seus dirigentes na província de Sofala.
Moçambique vive uma situação de incerteza política há vários meses e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, ameaça tomar o poder em seis províncias do norte e centro do país, onde o movimento reivindica vitória nas eleições gerais de 2014.
O dirigente da Renamo não é visto em público desde 09 de outubro, quando a sua residência na Beira foi invadida pela polícia, que desarmou e deteve, por algumas horas, a sua guarda.
Nos pronunciamentos públicos que tem feito nos últimos dias, Dhlakama afirma ter voltado para Sadjundjira, distrito de Gorongosa, mas alguns círculos questionam a fiabilidade dessa informação, tendo em conta uma alegada forte presença das forças de defesa e segurança moçambicanas nessa zona.
A Renamo pediu recentemente a mediação do Presidente sul-africano, Jacob Zuma, e da Igreja Católica para o diálogo com o Governo e que se encontra bloqueado há vários meses.
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, tem reiterado a sua disponibilidade para se avistar com o líder da Renamo, mas Afonso Dhlakama considera que não há mais nada a conversar depois de a Frelimo ter chumbado a revisão pontual da Constituição para acomodar as novas regiões administrativas reivindicadas pela oposição.
Lusa – 21.01.2016