Três pessoas ficaram hoje feridas, incluindo uma criança, quando um ataque atribuído a homens armados da Renamo crivou de balas e destruiu duas viaturas na zona de Zove, distrito de Muxúnguè, centro de Moçambique, disseram à Lusa testemunhas.
O ataque ocorreu cerca das 11:00 locais (09:00, em Lisboa) quando um grupo de homens armados metralhou a coluna escoltada por militares do Governo no trajeto Save-Muxúnguè, província de Sofala tendo estes parado a escolta e encetado uma perseguição aos atacantes.
"A coluna parou e os militares [das Forças Armadas] entraram no mato em perseguição. Ficámos parados durante 40 minutos e depois a marcha foi retomada. Uma criança e dois homens ficaram feridos", contou à Lusa uma testemunha que viajava num autocarro que fazia a ligação Vilanculos (província de Inhambane, sul do país) a Beira (Sofala, centro).
Um jornalista que também viajava na coluna relatou à Lusa que os atacantes metralharam a coluna de viaturas a uma distância curta e que chegou a haver troca de tiros entre as forças de defesa e segurança e os alegados homens armados da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana).
"A coluna depois continuou para Muxúnguè, onde chegou perto das 13:00 [locais]", prosseguiu o jornalista, que descreveu um ambiente de "terror e nervosismo" entre as forças estatais e os viajantes.
A Lusa tentou em vão contactar os serviços de urgência do Hospital Rural de Muxúnguè, para onde foram transportadas as vítimas.
Em declarações à Lusa, Sididi Paulo, porta-voz da Polícia de Sofala, disse que ainda estava a recolher pormenores sobre o ataque e que se pronunciará na quinta-feira
Este é terceiro ataque em dois dias consecutivos visando colunas escoltadas pelas forças especiais da Policia moçambicana em dois troços da Estrada Nacional número um (N1), a principal do país, onde foram activadas escoltas militares obrigatórias a viaturas civis.
Segundo a polícia de Sofala, na terça-feira homens armados da Renamo atacaram em separado as escoltas militares obrigatórias nos dois troços da N1, a principal estrada de Moçambique, ferindo uma pessoa e danificando três viaturas,
O primeiro ataque, registado às 10:00 locais, visou uma coluna de 90 viaturas na zona de Zove (Muxúnguè), e o segundo ocorreu uma hora depois, cerca de 300 quilómetros a norte, no troço Nhamapadza-Caia, contra uma escolta de 61 viaturas.
Uma testemunha disse à Lusa que um blindado da escolta ficou imobilizada após ter sido atingido pelos atacantes, mas a polícia não confirmou a informação.
Moçambique vive uma situação de incerteza política há vários meses e o líder da Renamo ameaça tomar o poder em seis províncias do norte e centro do país, onde o movimento reivindica vitória nas eleições gerais de outubro de 2014.
As últimas semanas têm sido marcados por um agravamento da violência política, com acusações mútuas de ataques, raptos e assassínios.
A Renamo pediu recentemente a mediação do Presidente sul-africano, Jacob Zuma, e da Igreja Católica para o diálogo com o Governo, que se encontra bloqueado há vários meses.
O Presidente Filipe Nyusi tem reiterado a sua disponibilidade para se avistar com o líder da Renamo, mas Afonso Dhlakama considera que não há mais nada a conversar depois de a Frelimo ter chumbado a revisão pontual da Constituição para acomodar as novas regiões administrativas reivindicadas pela oposição e que só retomará o diálogo após a tomada de poder no centro e norte do país.
AYAC (HB/EYAC) // EL
Lusa – 24.02.2016