No mesmo dia
Mais uma vez fica evidente que há duas forças concorrentes dentro do partido Frelimo. Uma que mostra sinais de diálogo e outra que não está interessada no fim da guerra. No meio disto tudo Filipe Nyusi aparece desnorteado ou a interpretar papéis estranhos. Esta segunda-feira teve lugar a reunião do Conselho Nacional de Defesa e Segurança (CNDS), convocada por Nyusi para discutir o espectro da guerra civil que se vive no País. Há muito CNDS não reunia e no consulado de Guebuza quase que nunca chegou a ser chamado.
O órgão deliberou a criação de condições de segurança para o encontro com o líder da Renamo, com vista a pôr termo às confrontações entre as tropas governamentais e os homens da Renamo e “consolidar definitivamente o ambiente de paz” lê-se no comunicado divulgado pela Presidência da República.
Só que no mesmo dia, ou seja ontem, a Comissão Política (CP) do partido Frelimo reuniu logo depois do Conselho de Segurança e emitiu um comunicado a destratar o líder da Renamo, não se percebendo de que lado está afinal Filipe Nyusi, pois é presidente do partido Frelimo também.
Segundo o comunicado da Comissão Política da Frelimo “Afonso Dlhakama ameaça e mata os cidadãos criando instabilidade e insegurança no seio da nossa sociedade”.
Não se percebe agora que tipo de diálogo se pretende, visto que o partido Frelimo domina o Estado e o próprio Nyusi.
Em relação ao encontro em si, a questão da segurança é fulcral para a Renamo que tem motivos mais do que suficientes para duvidar das intenções do Governo, se se tomar em conta que por duas vezes em Setembro do ano passado, o mesmo Governo tentou assassinar Afonso Dhlakama e em Janeiro deste ano o seu Secretário Geral Manuel Bissopo também escapou a um atentado. A confiança entre as partes está praticamente deteriorada. Há quem diga que o encontro deliberado pelo Conselho de Segurança, seja uma armadilha para apanhar de uma vez por todas Afonso Dhlakama.
CANALMOZ – 25.02.2016