A CHEFE do Departamento de Relações Externas do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Linnete Olofson, disse ontem, em contacto com o “Notícias”, em Maputo, que o partido liderado por Daviz Simango registou um crescimento qualitativo e quantitativo considerável nos últimos tempos, traduzido por uma nova geração de eleitores e um tipo específico destes à escala nacional.
Segundo afirmou, tal crescimento exige do MDM uma nova abordagem e responsabilidade acrescidas com vista a corresponder às novas exigências e realidades que lhe são impostas no actual cenário político do país.
Linnete Olofson integrou uma brigada central do Movimento Democrático de Moçambique que há dias trabalhou na cidade de Maputo com a missão de avaliar o pulsar do partido nas bases. As brigadas centrais do MDM foram criadas em Janeiro último para trabalhar à escala nacional nos territórios autárquicos, cidades e vilas municipais, depois de os seus integrantes terem passado por uma formação na cidade da Beira.
O trabalho consistiu, segundo a fonte, no levantamento dos problemas enfrentados pelo eleitorado e aferição do nível de prestação do partido no seu seio. Na cidade de Maputo a brigada de Olofson escalou todos os sete distritos municipais, num trabalho concluído sábado com uma passeata por algumas artérias.
No cômputo geral, segundo Linnete Olofson, o Movimento Democrático de Moçambique na cidade de Maputo tem pequenas fraquezas que constituem um desafio, mas ao mesmo tempo está numa situação muito forte em termos de inserção e actuação política.
Disse que os dados resultantes do levantamento da situação serão canalizados aos cientistas políticos do partido junto à sua Direcção, que deverão fazer as devidas recomendações em termos do tipo de investimento a ser feito e com que recursos. Os mercados do Zimpeto, Xikhelene e Central foram alguns dos pontos escalados e, segundo Linnete, a constatação feita nestes locais é de que há um claro incumprimento do manifesto eleitoral do partido no poder, assistindo-se ao aumento aleatório da taxa diária, desordem e outras anomalias ligadas ao seu funcionamento.
O trabalho das brigadas centrais foi extensivo aos membros das assembleias municipais, provinciais, edis e deputados da Assembleia da República.
“Passámos mensagens de mobilização política ao nosso eleitorado, cuja tónica é que onde o MDM governa a vida das pessoas melhora. Falámos de exemplos concretos de boa governação onde o partido está liderar, como por exemplo as transformações que estão a ocorrer na cidade da Beira, em vários domínios. Foi construída na cidade da Beira uma morgue com 108 lugares, o saneamento do meio é dos melhores que existe, na cidade de Quelimane há muitas realizações, como por exemplo a instalação de semáforos e reabilitação de mercados. Em Nampula temos a questão do melhoramento dos transportes, abertura de estradas e gestão dos “sete milhões” na Beira, que é feita por via bancária. Explicámos ao eleitorado as razões por que o presidente Daviz Simango aceitou o convite para membro do Conselho de Estado e que o MDM continuará a exigir a sua representação neste órgão, como partido”, disse.
Na interacção com o eleitorado a brigada do MDM na cidade de Maputo falou também da proposta de Lei de Apartidarização das instituições públicas, da importância da descentralização e redução dos poderes do Presidente da República e da necessidade da eleição dos governadores provinciais. Falou ainda da necessidade de revisão global da Constituição da República para acomodar a pretensão da eleição dos governadores provinciais, e que a mesma entre em vigor na próxima legislatura.
“Falámos ainda, na interacção com o nosso eleitorado, do endividamento público no caso EMATUM e seus reflexos na vida do cidadão e na economia do país. Achámos muito estranho que as pessoas que promoveram este mau negócio não sejam chamadas para responder na Justiça”, disse, acrescentando que a ponte da Catembe também foi outro assunto abordado nessa interacção.
Linnete Olofson anunciou para os meses de Março e Abril a realização da conferência da Liga da Mulher do MDM e do seu Conselho Nacional, órgão que deverá decidir a marcação do congresso do partido.
TERMINAR A TENSÃO POLÍTICO-MILITAR
A chefe do Departamento de Relações Externas do MDM falou da tensão político-militar que se vive na província de Sofala, considerando-a uma anormalidade que tende a constituir-se numa normalidade. Linnete Olofson lamentou a perda de vidas humanas em resultado dos ataques e apelou para as partes envolvidas - o Governo e a Renamo -, porem imediatamente termo à situação, para o regresso da tranquilidade no seio dos cidadãos.
“Há que se terminar com o conflito armado entre os dois ex-beligerantes. O país está a voltar à situação anterior à assinatura do Acordo Geral de Paz. Enquanto durar a tensão político-militar teremos enormes dificuldades de usufruirmos dos recursos naturais que estão em descoberta. Nós exigimos e defendemos um diálogo inclusivo, ao qual o MDM e algumas organizações da sociedade civil credíveis façam parte, porque a paz não é propriedade privada de ninguém”.
Segundo a fonte partidária do Movimento Democrático de Moçambique, o diálogo político deve ser transferido para a Assembleia da República e seja transmitido em directo pelos órgãos de comunicação social, para que todos os cidadãos possam apropriar-se das discussões em causa.
NOTÍCIAS – 29.02.2016