O VICE-PRESIDENTE de Angola, Manuel Vicente, está indiciado de corrupção activa pelo Ministério Público (MP) de Portugal, numa operação que já levou à detenção, na terça-feira (23), do procurador português Orlando Figueira.
Segundo a agência de notícias portuguesa Lusa, que cita fonte ligada ao processo, o MP português indiciou Manuel Vicente e o seu advogado, o português Paulo Blanco, do crime de corrupção activa em coautoria.
O procurador do Ministério Público Orlando Figueira - em licença sem vencimento desde 2012-, estará a ser ouvido por uma juíza de instrução criminal, em Lisboa, depois de ter sido detido, no âmbito da "Operação Fizz", por suspeitas de corrupção passiva, branqueamento de capitais e falsidade informática.
Orlando Figueira foi o procurador responsável pelos processos "BES Angola" e “Caso Banif" que terminaram arquivados. Estes processos estão relacionados com capitais angolanos.
Paulo Blanco foi na quarta-feira (24) constituído arguido e foi alvo de buscas no seu escritório de advocacia.
Em declarações à Lusa Paulo Blanco explicou que os elementos da Polícia Judiciária (PJ) portuguesa levaram cópias de declarações, sobre os vencimentos que o vice-Presidente de Angola auferia entre 2007 e 2010, quando exercia actividades na Sonangol, BCP (ActivBank) e Banco Angolano de Investimentos (BAI), entre outras entidades, e que pertenciam a um processo que foi arquivado em 2012.
“SEM PÉS NEM CABEÇA”
Manuel Vicente, de acordo com a Voz da América (VOA), é indiciado pelo facto de duas transferências bancárias num montante de 200 mil euros terem sido feitas para uma conta de Orlando Figueira pela Primagest, uma sociedade controlada pela Sonangol, precisamente quando Manuel Vicente era o homem forte da companhia estatal angolana de petróleo.
As transferências foram realizadas a 16 de Janeiro de 2012, na mesma altura em que o então magistrado do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) arquivou um inquérito-crime sobre branqueamento de capitais relacionado com Manuel Vicente.
Esses valores viriam a ser mais tarde declarados pelo ex-procurador como rendimento do trabalho.
O advogado Paulo Branco afirmou que o processo “não tem pés nem cabeça”, mas revelou que "na tese da investigação, Manuel Vicente é o corruptor".
Desconhece-se, por agora, a reacção de Manuel Vicente que, no entanto, goza de imunidade na qualidade de vice-Presidente de Angola.
NOTÍCIAS – 26.02.2016