De que Moçambique é um país propenso aos males originados pela força da natureza, ninguém tem dúvidas. Porém, sabe-se que, de há décadas para cá, vários fenómenos calamitosos, nomeadamente cheias, ventos fortes, seca (que agora ameaça a vida de muitas famílias), ciclones, entre outros ocorrem ano após ano, mês após mês, semana após semana, dia após dia e até hora após hora.
Estas desgraças, na sua maioria, não mudam a forma de actuação e muito menos a rota, mas nem por isso as autoridades competentes da Pérola do Índico consegue fazer algo para minimizar tais situações. Pelo contrário, o pouco e, se quisermos arriscar, o muito que o país recebe de doações beneficia a um grupo elitista já preparado para tal, pese embora os apoios chegam em nome do povo e em especial das famílias desfavorecidas e assoladas pelos fenómenos a que nos referimos.
Ora, por tudo isto, Moçambique já tem uma larga experiência no que diz respeito aos fenómenos naturais e humanas, inclusive guerras não declaradas, que sujeitam famílias, de forma sistemática, a novos assentamentos e reassentamentos. Estas situações fazem com que determinadas famílias sejam nómadas, na medida em que se devem mover dia após dia contra sua vontade.
O que nos preocupa, como moçambicanos, é o facto de o Governo não conseguir traçar, por exemplo, políticas públicas que ditem a transferência definitiva das famílias que se encontram a viver em zonas impróprias para habitação e a sensibilização e mobilização de todos para que abandonem as regiões propensas e passem a fixar suas residências em zonas seguras.
Será que o mesmo Governo ganha alguma coisa, quando há registo de intempéries no país? A resposta a esta questão é simples. Basta olhar para alguns sectores criados para velar pela situação, o caso concreto do Instituto Nacional de Gestão das Calamidades (INGC). As viaturas alocadas à aquela instituição! A vida dos gestores do INGC! Será que é fruto do salário?
E o que fazem com o dinheiro que recebem de entidades de boa fé e que querem apoiar as famílias assoladas? Quase nada. Que o digam as vítimas! O INGC anuncia, quase todos os dias, que tem disponível tantos milhões de meticais para fazer isto e aquilo na comunidade X ou Y, mas as famílias afectadas pelas calamidades naturais continuam entregues à sua sorte, daí que vale dizer: Calamidades naturais, o mal que enriquece um punhado de gente em Moçambique.
@VERDADE – 18.03.2016