É salutar, digno e gratificante quando o Presidente da República não poupa esforços para
com a correcção de erros que ele próprio promoveu.
Prescindir de um assessor, quanto mais para assuntos políticos, um dos ramos mais sensíveis da governação, no decurso do exercício do primeiro ano de cumprimento de mandato de governação é inequivocamente sintomático, sinónimo de claro reconhecimento de ter promovido uma escolha inacertada.
Naturalmente, compete a quem escolhe o critério que usa para o fazer.
No entanto, urge compreender que a Presidência da República é uma instituição emblemática de uma nação e o titular do cargo, que é até um simples candidato eleito, no exercício da responsabilidade precisa ladear-se de quadros com reconhecidos créditos públicos, indivíduos meritórios, com carácter, cultura, competência e actuação profissional
comprovadamente aceites pela sociedade a quem o Chefe de Estado tem de servir.
O poder de chefia de estado exige distanciamento de manifestações de índole arrogante, nepotista e outras motivações susceptíveis de reduzir a percepção acertada da realidade, concorrendo para influenciar escolhas favorecidas, sob seja qual fôr o pretexto.
O Presidente da República precisa ter domínio visionário geral do povo que tem, sobretudo do potencial de quadros que o país oferece, evitando precipitar-se a envolver apenas o curto grupo que conhece ou foi apresentado.
O Presidente da República precisa provar permanentemente aos moçambicanos que os seus actos se inspiram a todo o momento nas sensibilidades que busca de todos os cidadãos nacionais espalhados pelo país todo e pe- los diversos sectores, sem discriminação de natureza geográfica, étnica, profissional, académica, ideológica, religiosa.
O debate público sobre as escolhas do Presidente Filipe Nyusi não se esgota a figura do assessor político que acaba de ser prescindido, mas há outros níveis de assessoria e delegacia de poder que requerem uma correcção para o seu melhor desempenho.
Proteger e promover a imagem do Chefe de Estado pressupõem uma responsabilidade cuja correspondência deve se reflectir até o nível mais baixo do mesmo estado.
As críticas sistemáticas a governação de Filipe Nyusi não só reflectem o resultado do seu desempenho, mas também espelham o resultado do trabalho de quem tem a responsabilidade de proteger e promover a sua imagem.
Oxalá o afastamento de António Gaspar venha promover a necessidade urgente do Presidente da República tornar-se mais interessado, sensível e dinâmico no seu relacionamento com as matérias ligadas a estabilidade política, cuja solução para já orienta a um diálogo rápido franco e aberto com o líder da Renamo que ameaça romper a paz e reconduzir o país ao ambiente de guerra.
O AUTARCA – 14.03.2016