Mais um cidadão moçambicano portador de albinismo foi assassinado e partes do seu corpo foram decepadas, o crime aconteceu na semana passada no distrito de Mueda. Desde 2015 é o quarto albino que assassinado na província de Cabo Delgado.
A vítima, um cidadão adulto que residia na comunidade de Dissuai, acompanhava de bicicleta a sua esposa para uma unidade sanitária, onde pretendia extrair um dente, quando foi abordado por um desconhecido que se disponibilizou a transporta-los mais rapidamente de motorizada para junto de médico tradicional que poderia realizar o procedimento.
Durante o trajecto, de acordo com testemunhas e fonte policial, citadas pelo jornal Diário de Moçambique, o desconhecido terá simulado uma avaria na mota e em seguida atacou o casal. Imobilizou a mulher com um golpe de catana e em seguida assassinou o cidadão portador de albinismo.
Em seguida o criminoso decepou os membros superiores do finado e pôs-se em fuga. Segundo o Diário de Moçambique, antes de fugir o assassino terá entregue a mota ensaguentada ao seu legítimo proprietário, o que leva a crer que as autoridades policiais terão já identificado o criminoso.
A esposa do finado sobreviveu, foi socorrida no Hospital Rural de Mueda mas, devido a gravidade dos ferimentos, foi transferida para os cuidados intensivos do Hospital Provincial de Pemba.
Este é o quinto cidadão portador de albinismo a ser assassinado na província de Cabo Delgado, desde 2015. A “caça” aos albinos - portadores de um defeito genético hereditário que os impede de produzir a melanina, o pigmento que dá origem à cor da pele, do cabelo e dos olhos – não são uma novidade no nosso país porém as perseguições e assassinatos têm aumentado de forma dramática nos últimos dois anos.
Em Dezembro passado as autoridades governamentais criaram uma comissão, envolvendo vários instituições, com vista a garantir segurança e protecção das pessoas portadoras de albinismo, mas a verdade é que poucos resultados têm sido apresentados.
Mais de meia centena de alegados raptores e assassinos foi detida, um pouco por todo país, mas não se conhecem os mandantes. Contudo existem indícios de que feiticeiros do Sul e do Leste do nosso continente pagam alguns milhões de meticais pelas partes de corpos de cidadãos com albinismo para os usarem em poções e/ou rituais alegadamente mágicos que curam várias maleitas ou dão sorte.
@VERDADE – 23.03.2016
NOTA: Que eu me lembre, antes da independência, os “albinos” eram cidadãos como quaisquer outros, fazendo sua vida no seio das comunidades, sem qualquer constrangimento. Entretanto quer se terá passado?
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE