O MINISTRO dos Combatentes, Eusébio Lambo, revelou ontem na Beira que os elementos que desertaram do Exército moçambicano para o Malawi durante o conflito armado dos 16 anos pertenciam aos batalhões das extintas Forças Populares de Libertação de Moçambique (FPLM) de Manica, Tete e Sofala até 1992.
Lambo desmentia assim informações postas a circular, segundo as quais há elementos das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) a desertar daquelas regiões para o Malawi em resultado da presente tensão político-militar que se regista no país.
O governante indicou ainda que depois do processo de registo dos combatentes que terminou no país a 31 de Dezembro do ano passado houve necessidade de informar ao Comandante-em-Chefe, Filipe Nyusi, dos constrangimentos relacionados com o acto.
Segundo Lambo, não é da responsabilidade do Ministério dos Combatentes falar da deserção dos elementos do Exército, o que efectivamente compete ao Ministério da Defesa Nacional.
Conforme disse, as competências do Ministério dos Combatentes são claras e não interferem no MDN. Portanto, houve um mal-entendido. O registo dos veteranos desmobilizados abrangeu aqueles que tinham este direito e não elementos que pertenceram ao Exército de 1994 até esta parte, porque quem desmobiliza é o Ministério da Defesa.
Referiu que tais elementos são desmobilizados da missão das Nações Unidas em Moçambique (ONUMOZ) e não deste conflito. Agora, com o trabalho de registo, ficou determinado que, de facto, os que desertaram pertenciam às FPLM.
Se há pessoas que estão a desertar neste momento para o Malawi quem tem competência de divulgar o facto é o Ministério da Defesa Nacional. Eusébio Lambo fez questão de dizer que dos registos disponíveis conta-se com 189.687 mil desmobilizados em todo o território nacional, o grosso dos quais se encontra na província nortenha de Cabo Delgado, em número de 37 mil, e o menor número encontra-se em Gaza, estimado em cinco mil.
DESAFIA VICE-MINISTRO DA DEFESA - FDS MAIS COESAS
O VICE-MINISTRO da Defesa Nacional, Patrício José, desafiou na passada quinta-feira, no distrito de Boane, em Maputo, as Forças de Defesa e Segurança a serem cada vez mais coesas, fortes e orgulhosas do passado herdado, instando-as em simultâneo a transmitirem às novas gerações o quão custou a liberdade do povo moçambicano.
Patrício José lançou tal desafio discursando no encerramento do IV Curso de Educadores Cívico-Patrióticos, que vinha decorrendo desde há alguns meses na Escola de Formação de Sargentos de Boane.
O vice-titular da pasta da Defesa Nacional destacou que a educação cívico-patriótica constitui um imperativo, conquanto oferece múltiplas linhas de comando, nomeadamente o fomento do espírito de respeito mútuo entre os membros das Forças de Defesa e Segurança; a garantia de acção de acordo com as regras de conduta, normas e regulamentos estabelecidos; o ensino e orientação aos membros para o desempenho eficiente das suas tarefas e desenvolve a auto-estima, disciplina e auto-confiança.
Dirigindo-se especificamente aos cursantes, Patrício José orientou-nos para a necessidade de serem distribuídos por diversas unidades militares e esquadras, sendo que outros regressarão para as suas instituições de proveniência.
“Nestas circunstâncias, a responsabilidade de cada um é maior, porque a componente viva das Forças de Defesa e Segurança não depende apenas dos meios de combate, mas sim, e sobretudo, do espírito patriótico que os anima: é o educador cívico-patriótico que deve irradiar esse espírito, insuflar, criar ambiente de entusiasmo e fomentar alegria e fé na vitória”, disse.
Patrício José explicou ainda que o educador cívico-patriótico apático é educador antecipadamente vencido e “coveiro” dos seus homens. A estes, segundo frisou, se exige, antes de tudo, que sejam seguros, persuasivos e que inspirem respeito no exercício da sua missão e em toda a sua vida.
Referiu que a grandeza e servidão de um educador estão comprometidas pela causa a que se entregaram e pela categoria que ocupam ao serviço da mesma causa, sendo que nunca se devem abdicar da missão que lhes é incumbida.
Indicou que a tarefa de educar comporta vários princípios, de entre os quais o de conhecer pessoalmente os membros e cuidar do seu bem-estar; reconhecer as suas diferenças e características individuais e partilhar das suas alegrias e tristezas, o que levará a compreender e a saber empregar métodos mais eficientes no seu trabalho.
“O educador cívic-patriótico deve se interessar pelos serviços recreativos, desportivos, culturais, históricos e louvar qualquer trabalho bem executado, para satisfação do executante e o estímulo dos restantes. Deve proteger a saúde de todos os homens, interessando-se pela higiene individual e colectiva, hospitalização e o serviço de saúde prestado”, afirmou o vice-ministro, lembrando ainda que o educador cívic-patriótico está sempre presente “onde está a tropa, onde se fala da tropa, onde se fala com a tropa e onde se fala sobre a tropa”.
Num outro desenvolvimento do seu discurso, Patrício José destacou que as Forças de Defesa e Segurança são o epicentro e grande catalisador na promoção da paz, unidade nacional e patriotismo, elementos fundamentais na implementação da educação cívico-patriótica.
HORÁCIO JOÃO
NOTÍCIAS – 19.03.2016
NOTA: Já não sabem o que dizem.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE