September 1 2015 , Written by David Brites
No contexto moçambicano atual, de crescimento e de investimentos importantes, mas também de corrupção e de práticas clientelistas sistemáticas, a dominação de um partido, a Frente de Libertação do Moçambique (Frelimo), no poder desde a independência em 1975, favorece os piores abusos. Não é só uma tendência ao autoritarismo que traz a Frelimo a cometer fraudes eleitorais ou a organizar uma verdadeira propaganda, como também práticas de nepotismo e de corrupção muito fortes, e nenhum nível de decisão administrativo escapa a essa realidade.
Até certos investidores estrangeiros cuja atividade é impedida pelo peso da burocracia moçambicana e as praticas sistemáticas de « refrescos » ou de comissões, desinvestem Moçambique, pois investir no país traz às vezes mais custos do que lucros. Muitos retiraram-se recentemente de Moçambique, frente às dificuldades, sobretudo a falta de infraestruturas, o peso da administração e da burocracia, e a corrupção. Vale por exemplo retirou uma parte dos seus investimentos na linha Tete-Nacala, que deve brevemente servir para transportar o seu carvão. As grandes sociedades estrangeiras e o governo moçambicano tentam achar soluções realizando obras de infraestruturas, como no « corredor de Nacala », criando estradas, pontes, caminhos de ferro, etc. Os Chineses recuperam a maioria destes contratos, e esta situação tem efeitos perversos, como o explicou, no seu livro Moçambique na rota da China. Uma oportunidade para o desenvolvimento? (2010) o economista moçambicano Sérgio Chichava: « A convergência de interesses entre uma parte da elite moçambicana e as empresas chinesas impede o estabelecimento de relações saudáveis e sustentáveis entre os dois países. A economia e o meio ambiente de Moçambique são as primeiras vitimas deste fenómeno. Esta convergência acentua os riscos ligados à exportação de matérias-primas brutas, que dependem das flutuações do mercado chinês. São relações similares a aquelas que tinham existidas entre África e o Occidento: elas limitam as perspectivas de desenvolvimento do continente africano. » Esta cooperação forte com a China não é anedótica. Em Março de 2013, o governador do Banco central do Nigéria declarou, no Financial Times, na véspera da primeira visita do presidente Xi Jiping no continente africano, que a China « é capaz das mesmas práticas de exploração que as antigas potências coloniais ».
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