O Presidente da República, Filipe Nyusi, reitera que a democracia não se compadece com um partido armado, em clara alusão a Renamo, maior partido da oposição em Moçambique, que continua a causar distúrbios nalgumas províncias do país em particular na região centro.
Nyusi, que discutiu a questão da paz tanto com as autoridades belgas quanto de instituições europeias, durante a visita de dois dias a Bruxelas, disse não ser de interesse de ninguém que Moçambique continue numa situação de indefinição.
Toda a gente quer a paz absoluta e a melhor maneira de resolver isso é não a violência, afirmou no briefing a jornalistas que marcou o termo da visita de trabalho.
Nyusi lembrou que a Renamo nunca reconheceu os resultados eleitorais desde que o país vive um contexto pluripartidário, tendo o primeiro sufrágio sido realizado em 1994, após do termo, em 1992, do sangrento conflito armado movido pelo então movimento rebelde.
Para os que conhecem a história de Moçambique, dizer que a Renamo não reconhece resultados não é nenhuma novidade, disse em entrevista no centro de imprensa europeia em Bruxelas.
Nyusi explicou que as últimas eleições gerais aconteceram depois de uma revisão da lei eleitoral, formatada para acomodar os interesses da Renamo, mas mesmo assim ela não reconhece os resultados do pleito eleitoral.
Desde a entrada ao multipartidarismo, Moçambique já realizou cinco eleições gerais. A Renamo perdeu todas elas e nunca reconheceu os resultados e, pelo contrário, sempre as considera fraudulentas.
Se chegarmos a uma fase em que se negoceia tudo depois das eleições é assassinar a democracia. Também está claro que a democracia não se compadece com um partido armado, disse Nyusi, reiterando a necessidade do desarmamento Renamo.
Não podemos fazer diplomacia com armas, vincou, acrescentando que está claro que não pode haver partidos armados porque pode ser mau precedente para futuros crimes que possam surgir em Moçambique ou noutro ponto Mundo.
Todas as partes condenam actos de violência, condenam o terrorismo, afirmou o estadista moçambicana.
Segundo o presidente Nyusi, os parceiros europeus encorajaram-no a encontrar soluções que sejam de entendimento comum e apelaram a necessidade de se consolidar a democracia.
Além de reiterar o compromisso de diálogo para a paz assim como a disponibilidade para se encontrar com o líder da Renamo, o Chefe de Estado moçambicano lembrou que se reuniu com Afonso Dhlakama por duas vezes.
Em entrevista no Centro de Imprensa Europeia, Nyusi disse que tal encontro deve ser preparado e, para o efeito, o Governo criou um grupo de três personalidades.
A Renamo não indicou ninguém e o seu líder condiciona o diálogo e o encontro a governação de províncias que alega ter ganho nas últimas eleições.
A Renamo exige ainda a mediação da áfrica do Sul, Igreja Católica e União Europeia (UE).
Porque não aceitar esse grupo (criado pelo Governo) que deve preparar os encontros? Tem pessoas credíveis para juntamente com a Renamo preparar e discutir o que deve acontecer, ressaltou o presidente.
SN/le
AIM – 23.04.2016