Para uma abordagem pragmática do diferendo que nos opõe a Renamo, o importante a salientar é que apesar do presidente Filipe Nyusi priorizar o diálogo, Afonso Dlhakama neste momento por atacar o estado de direito deixou de ser um interlocutor válido, portanto o dedo das FDS não pode sair do gatilho até que a Renamo pare de matar moçambicanos.
O diálogo estará sempre na mesa, desde que o líder da Renamo reconheça o poder constituído, e obedeça à ordem incondicional de desarmar os seus homens. A sociedade anda farta de criminosos para ter de lidar com bandidos armados, com o seu discurso político abominável e tribalista.
A política não substitui a justiça, sendo por isso o motivo do equívoco vivido até aqui, porque um estado que não actua firme e de forma implacável ante o banditismo armado, é um convite à instabilidade política. O estado deve deter o monopólio da violência e da justiça, e o partido do governo na reunião do Comité Central, ao determinar que a Renamo e Afonso Dlhakama devem ser responsabilizados criminalmente, pelas matanças de cidadãos indefesos, e por atacarem as FDS, destruir bens, fê-lo por imperativo nacional, sendo de louvar. A prerrogativa de uma paz podre ou de guerra não declarada encontra-se nas mãos do presidente Nyusi, contudo importa enfatizar que a Nação pretende preservar a paz, conquanto a Renamo seja completamente desarmada, e Dlhakama esteja fora da parceria política, não havendo país algum no mundo capaz de impô-lo à força.
O recurso militar por ser útil para dissuadir futuros actos de banditismo armado deve continuar. Se Dlhakama foi mal aconselhado o problema é dele, e se voltou a pegar em armas foi por a ambição pessoal falar mais alto que a razão, agora o seu caso está nas mãos da justiça e das FDS. Ninguém está acima da Lei, e nesta matéria ele é um reincidente. Finalmente as FDS estão a dar conta do recado na defesa da pátria, e dos bens do povo.
A componente político militar da Renamo está de rastos para exigir o que quer que seja num potencial diálogo, e o seu colapso não deve tardar. Sempre mencionei nos meus artigos de opinião, que no final da actual crise política, a posição da Renamo ficaria extremamente fragilizada. Será que veremos uma Renamo domesticada, capaz de entender que se deve reger pelas regras de jogo democrático? Em minha opinião pessoal apenas uma derrota militar do braço armado da Renamo pode trazer a paz, tranquilidade, e o desenvolvimento que Moçambique necessita.
Neste momento o líder da Renamo luta pela sua sobrevivência política às mãos das FDS. Ele com a sua ideologia neotribalista encontra-se cada vez mais desnorteado, e o debate de ideias inexistente, além de nunca ter constituído uma alternativa política em Moçambique, contudo sabemos que à sua ilharga movem-se forças sombrias, de algumas chancelarias ligadas à UE em Maputo, onde os homens da Renamo como prostitutas foram batendo à porta, e que em último recurso poderá exigir a sua sobrevivência política, mas não vejo como.
O partido Frelimo tem uma grande tradição de amizade por essa Europa fora , mas a UE doravante está dominada pela PPE, Partido Popular Europeu, da direita conservadora e democratas cristãos, que engloba partidos ultranacionalistas e xenofobos, antisemitas e racistas, que nada têm a ver com o passado de solidariedade. O quadro político europeu política e sociológicamente mudou. Hoje quanto verificamos que países como a Dinamarca, Holanda, Noruega, Áustria, Polonia, Hungria, têm no governo partidos populistas e extremistas da direita, e que os ideais ultranacionalistas e racistas expandem-se pela França, onde os Lepens estão na moda, Inglaterra, Polonia, sendo poder nos países bálticos, confirmamos que a Europa já não é o que era. Esta é UE com que lidamos presentemente, dominada pela PPE, que o nosso presidente irá encontrar quando estiver na Alemanha, especialmente em Bruxelas.
Um passo de cada vez. Eu acredito na democracia, e por ela espero bater-me contra todos que a querem desviar. Espero que possamos tratar da saúde a Dlhakama e do seu bando de rufias armados, e depois corrigir o que está errado na economia.
Em meu entender não é pela beleza da baía do Indico que a UE está tão empenhada em ser protagonista em Moçambique. Tem vários investimentos em projectos de desenvolvimento económico no pais. A pergunta pertinente que se colocaria,...Terá sido a UE a aconselhar a Dlhakama para dar início à actual crise política? É que continuo sem entender o grau de interferência da União Europeia no actual quadro da crise política. Já escutamos várias intervenções de dirigentes da organização, todas desfavoráveis ao governo, ao mesmo tempo que diz que gostaria de mediar o diferendo. Hoje entende-se o porquê da Renamo há muito indicar a UE como potencial mediador, mas para nós trata-se de um assunto interno, e quanto sei as FDS estão a dar e bem conta do recado. A UE não é um aliado de Moçambique, mas apenas um parceiro económico.
A Africa não foi abandonada por Deus, e por mais que digam que nascemos com côr do pecado, continuamos a dar conta do recado, e somos a cor do continente.
Até ao momento não vi o nome africano dirigente ou privado na lista do escândalo Papéis do Panamá, e se a Dinamarca conforme alguns pasquins ligados à oposição deram grande relevo de contentamento, encerrou a sua embaixada, mas as nossas relações continuam. O que me foi dado a conhecer é que a Dinamarca é um dos países que deixou de apoiar o nosso OE, e por outro lado se hoje em dia existe um país eurocéptico europeu, que põe em prática uma política anti-imigração é a Dinamarca. Uma Dinamarca governada pela direita conservadora e ultra nacionalista, que aplica lei anti-imigração para além do estipulado pela UE, sujeitando as crianças, filhos de emigrantes a temperaturas extremas de inverno, e à exclusão social, e obrigando os asilados a viver em locais reservados, e os imigrantes em campos de concentração. Apesar dos bombardeamentos da Nato, a Líbia, Síria, Iraque, onde semeiam morte e miséria, quando alguém pede asilo a político o governo dinamarquês acha-se no direito de confiscar os seus bens, etc, etc.
Unidade, paz e democracia
PS: Seria bom que a questão da divida soberana fosse de imediato esclarecida para que Moçambique regresse aos mercados sem sobressaltos. O país tem a opção de escolher o credor que entender, não está condicionado a isso, contudo a confiança junto dos credores e doadores ficou abalada, sendo necessário o restabelecimento imediato da confiança. O governo deve explicar o montante da divida conforme o presidente Filipe Nyusi elucidou aquando da reunião do Comité Central.
Quando a oposição anda falha de ideias e imaginação e com o seu líder em fuga, resta apenas o recurso ao insulto e alianças a sectores ultracolonialistas e racistas.
A nossa superioridade intelectual e moral permite-nos a opção de responder a pessoas mentalmente perturbadas, apenas em locais próprios; mas os vermes confundem o princípio com fraqueza.
Inácio Natividade
JORNAL DOMINGO – 24.04.2016