Na segunda- feira desta semana, o país foi presenteado com a notícia do baleamento do professor universitário Jaime Macuane.
Infelizmente, o Estado em Moçambique foi arrastado para um nível tal que notícias sobre o baleamento de pessoas, principalmente pessoas incómodas para o sistema, já não criam assim tanto espanto. Em vez de vivermos num Estado de Direito, agora vivemos no Estado de “Quem É o Próximo?”, porque já interiorizámos a ideia de que o regime vigente em Moçambique resolve todas as divergências com recurso à bala.
É público o conhecimento de que quem não presta culto e quem não celebra o actual sistema, das quatro, uma: ou é assassinado, ou é baleado, ou é espancado por um dos grupos de marginais que o Governo da Frelimo devidamente preparou, equipou e está a financiar, grupos esses que são vulgarmente designados como “esquadrões da morte”.
A quarta medida é mais leve: o assassinato público de carácter, por via dos imbecis do G40 e de todoo lixo humano a eles equiparado.
Seria ingenuidade crassa analisar o episódio de segunda-feira fora do âmbito da actual situação de terror promovido pelo Estado contra todo o tipo de pensamento divergente. Gilles Cistac foi morto num expediente similar. O secretário-geral da Renamo escapou de uma actuação que se enquadra no mesmo expediente.
É preciso notar uma particularidade neste tipo de ocorrências na cidade de Maputo. Carlos Jeque foi raptado e baleado, nas pernas, na zona da Estrada Circular de Maputo. O episódio de Jaime Macuane também segue à risca todo este roteiro, desde o procedimento até ao local onde foi abandonado.
Sobre os esquadrões da morte, estamos todos claros de que foi a Frelimo que os criou como prolongamento da sua forma de fazer política.
É por isso que, desde que todo este festival insano de matanças e baleamentos começou, ninguém da estrutura do Estado nem da Frelimo veio a público tecer qualquer comentário a respeito disso. Todos sabemos que os esquadrões da morte não actuam em representação de si mesmos, ou seja, representando a consciência de cada um dos indivíduos que pertencem a esses esquadrões. São grupos de criminosos ao serviço do partido Frelimo e que prestam contas à direcção deste mesmo partido. Filipe Nyusi sabe da existência desses grupos e dos respectivos financiamentos, por isso jamais o verão a condenar publicamente e inequivocamente os actos dos seus colaboradores.
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