MARCO DO CORREIO por Machado da Graça
Olá Julieta
Espero que estejas de saúde assim como toda a tua família. Do meu lado está tudo bem, felizmente.
Mas queria falar-te de uma questão que me está a preocupar cada vez mais. Estou a falar da série de empresas que têm vindo ao conhecimento público desde o aparecimento da famigerada EMATUM.
É que eu começo por não entender para que servem essas empresas. Pelo que se vai dizendo, elas têm como objectivo realizar actividades que, em princípio, devem caber ao próprio Aparelho de Estado, nomeadamente às Forças de Defesa e Segurança (FDS).
Será que é uma empresa, dita privada, que deve fazer a patrulha da nossa costa marítima ou é a Marinha Nacional? O mesmo se diga para a protecção das instalações petrolíferas na bacia do Rovuma.
Num país em que, por causa da Renamo, se passa o tempo a dizer que as armas só podem estar nas mãos das FDS, criamos empresas, ditas privadas, para realizar acções militares? Com equipamento pesado, que inclui navios de guerra!!!
Mas vamos lá ver de perto se essas empresas são, de facto, privadas.
Quando se fala dos accionistas da EMATUM, da Proindicus, da MAM ou da Monte Binga, só aparecem entidades do Estado. Ministérios, serviços públicos, etc.
Fica, portanto, bastante estranho quando o actual governo diz que o Estado só vai pagar a parte da dívida correspondente as despesas estatais e as empresas, ditas privadas, devem pagar o que lhes diz respeito. Isto é, o Estado paga uma parte com dinheiro tirado do bolso esquerdo e o resto com fundos dos ministérios envolvidos nos negócios, retirados do bolso direito?
Mais estranho ainda quando descobrimos que, em Fevereiro de 2016, estas empresas de perfil mais do que duvidoso, completamente falida e a viver dos nossos impostos, se juntaram para criar mais uma outra empresa, a VIPAS, que se destina à protecção de embaixadas e coisas do género. Onde foram elas buscar capital para criar a nova empresa, se não têm sequer dinheiro para pagar salários aos seus trabalhadores? Vamos descobrir que a VIPAS também contraiu dívidas no mercado internacional com o aval do Estado?
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