Auditoria internacional independente e responsabilização
- Seca, cheias e queda dos preços no mercado internacional foram os subterfúgios que o governo fez constar no seu comunicado para explicar a actual e difícil situação económica
No fim da missão técnica do Fundo Monetário Internacional (FMI), o governo emitiu uma comunicação de imprensa dando a conhecer o que considera resultados dos encontros que teve com os técnicos daquela instituição credora internacional, durante os oito dias de trabalho da missão.
No mesmo dia em que o governo emitiu o seu comunicado, o FMI também emitiu o seu, dando a conhecer os resultados, mas, acima de tudo, partilhando o entendimento analítico da actual e difícil situação económica de Moçambique.
Da comparação entre os dois documentos emitidos pelas duas entidades em relação a um mesmo assunto, facilmente de pode notar que, enquanto o comunicado governamental é apenas descritivo, o documento do Fundo Monetário Internacional é analítico e faz menção a vários pontos discutidos entre as partes. São pontos que na comunicação oficial do governo simplesmente não constam.
Exemplo das omissões, no documento governamental pontificam a exigência da realização de uma auditoria internacional independente e ainda a necessidade de uma pronta e exemplar responsabilização de figuras que, no âmbito da contratação das dívidas, se tenham beneficiado ilicitamente.
Estas são duas grandes exigências daquela que é uma das principais e mais importante instituição financeira internacional.
Sobre este assunto, as autoridades moçambicanas não emitiram ainda uma resposta cabal, mas, de forma sorrateira transpira a ideia de que, mesmo não aceitando e nem concordando, as autoridades moçambicanas não tem margem de manobra para continuarem a negar. No fim, as autoridades moçambicanas vão ter mesmo que aceitar que se avance com uma auditoria internacional independente, cuja missão é checar as contas das empresas que beneficiaram directamente dos cerca de 2.2 mil milhões de dólares, nomeadamente a Ematum, a ProIndicus e a MAM.
Na sua comunicação, o governo enumera a seca, cheias e o declínio de preços das principais commodities de exportação como razões por detrás dos mais recentes desenvolvimentos macroeconómicos do país.
A seguir, a comunicação emitida pelo Ministério da Economia e Finanças, refere que “o governo e o FMI apreciaram os efeitos sobre os indicadores macroeconómicos do País da dívida externa, com destaque para a contraída, em 2013 e 2014, pelas empresas Proindicus e Mozambique Asset Management (MAM), com garantias do Estado. Adicionalmente , foram passadas em revista a s medidas económicas que o Governo pretende implementar visando, por um lado, o restabelecimento macroeconómico e, por outro, assegurar que a economia continue a seguir a sua trajectória de crescimento dentro da actual conjuntura nacional e internacional” – refere o comunicado, não fazendo menção ao facto de as duas partes terem discutido, também, a questão da auditoria internacional independente.
MEDIA FAX – 28.06.2016
NOTA: O que pretende o Governo “transparente” de Filipe Nyusi quando esconde as principais decisões do FMI ao seu “patrão”? Brincar?
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE