O grupo denominado Niger Delta Avengers (NDA), cujas actividades de ataques a oleodutos levaram à redução em metade da produção de petróleo no país, apelou domingo a um referendo sobre a desintegração da federação da Nigéria.
O grupo apresentou um mapa nas redes sociais sugerindo que aquele país da África Ocidental seja dividido em cinco países independentes.
Analistas já previam que os resultados do referendo na Grã-Bretanha, em que os eleitores votaram a favor da saída do reino da União Europeia, iria encorajar os separatistas na Nigéria. Os grupos separatistas vão sentir-se mais encorajados, alertaram os serviços secretos nigerianos, SBM, numa análise sobre o resultado do referendo britânico.
O presidente Muhammadu Buhari deve organizar um referendo para permitir a cada nigeriano votar se quer permanecer como nigeriano ou não, exactamente como o fez David Cameron, na Grã-Bretanha, disse o grupo NDA no Twetter.
Sedeado no Delta d Niger, o NDA aliou-se a grupos separatistas da etnia Igbo, no sudeste do país, e disse que ele também poderá exigir um Estado separado. Os grupos separatistas Igbo ressurgiram ano passado. A Nigéria sofreu uma guerra civil de 1965 a 1970 que matou um milhão de pessoas depois de os Igbo terem declarado o Biafra um Estado independente. A antiga potência colonial, a Grã-Bretanha, entrou a defender o governo federal enquanto a França apoiava os secessionistas.
Toda a produção petrolífera concentra-se no Delta do Niger e na região costeira do sul. Os militantes do NDA e activistas não violentos têm vindo a exigir uma maior partilha dos ganhos da riqueza petrolífera, uma indústria que tem poluído massivamente as suas terras e destruído a actividade de sobrevivência das comunidades, que vivem da pesca e da agricultura.
O petróleo representa 70 por cento das receitas do governo federal. O Ministro das Finanças, Kemi Adeosun, disse que os ataques dos militantes contra infra-estruturas da companhia americana Chevron, da britânico-alemã Shell e da italiana Agip custaram ao governo cerca de 60 milhões de dólares americanos em Maio último. Os ataques paralisaram a produção em duas das cinco refinarias de petróleo, interromperam os fornecimentos em duas terminais de exportação e provocaram muita preocupação dos compradores do petróleo nigeriano.
A Nigéria também está a enfrentar extremistas islâmicos no nordeste, de um grupo aliado ao Estado Islâmico que já matou mais de 20 mil pessoas em confrontos na região do Middle Belt entre os nómadas muçulmanos e os criadores de gado e agricultores cristãos.
Times/bm/sg
AIM – 27.06.2016