Centelha por Viriato Caetano Dias ([email protected] )
“Não vamos por bom caminho. Na realidade, o problema é que nem sequer sabemos por que caminho vamos” Excerto do texto de António José Telo: “Um mundo em transformação”.
A decadência da Europa”. A beleza e o poder natural não estão só em Boroma, destaco também as fontes de águas termais da Angónia, da Macanga, de Chiúta e do Zumbo. Não seriam estas as mezinhas para acabar com o velho problema de reumatismo e juntas que incomodam uma boa parte dos anciões da província Tete? O inexistente desporto aquático da canoagem, as fortalezas abandonadas e em ruina, a fauna roubada pelos interesses do capital financeiro, o abate propositado de embondeiros lendários para “parir” edifícios da candonga, não acicatariam o progresso turístico da província? Diz-se com alguma ironia que Tete aquece para caramba, mas por detrás desse aquecimento tremendo, há vida e há futuro por explorar.
Não seria este o argumento para polarizar a vinda de turistas das regiões ou países de temperaturas frias ou geladas? Em vez disso o governo enganou-se com o carvão. Apressou-se a vender a pele do urso, antes de o ter apanhado. Agora chegou a factura do preço da precipitação que deve ser paga. Se me tivessem dado ouvidos, penso que Tete estaria em outros patamares de desenvolvimento.
Ao contrário do que alguns patrícios me acusam, não estou contra o governo de Tete, especialmente a figura do governador. Alguém dizia que a crítica não é cruel para ninguém, não é amiga para os amigos, não é inimiga dos inimigos. De facto, a crítica tenta compreender e descrever uma situação anómala para melhor pensar, agir e servir do governante. Ademais, o que faz a opinião pública é a situação em que cada país vive. Tete vive uma autêntica situação de inércia governativa no que toca ao turismo.
Esta análise remete para uma outra ideia complementar. A culpa deve ser partilhada com o responsável máximo do turismo a nível nacional. Recuso-me a calar perante uma situação de indolência governativa. Estão a deitar abaixo verdadeiros tesouros do turismo nacionais, aquilo que causaria menos poluição e traria mais riqueza para o país. A fundamentação da guerra é justa e legítima, mas não pode justificar uma atitude molanqueira dos que governam de braços cruzados, que nem sequer sabem por que caminho vão.
Quando visito a província de Nampula rendo-me à beleza da Ilha de Moçambique. É uma terra do passado mas com um futuro anestesiado. A Ilha de Moçambique foi vítima da eutanásia de alguns políticos. Não cresce, senão para baixo. Cresce rápido, mas para a destruição de si mesma. Ilha de Moçambique é um lugar de História, um museu a céu aberto. É um paraíso adormecido, é o berço de Moçambique. A única ponte existente que liga a parte continental da insular, construída no estádio colonial, clama por melhorias.
O desenvolvimento populacional da Ilha justifica uma nova ponte, moderna e com duplo sentido do ponto de vista de circulação de viaturas. Como dizia o saudoso Professor José Hermano Saraiva, é uma terra castiça (pura), onde cada pedaço de terra corresponde a um pedaço de História. Paradoxalmente, a sua riqueza turística não alimenta as comunidades locais. Quantos de vós conhecem a Ilha de Moçambique? Quantos de vós têm lá ido para passar as férias de verão? O que é que fazem as nossas embaixadas para promover o potencial turístico da Ilha de Moçambique?
Entretanto, gasta-se rios de dinheiro em publicitar drogas alcoólicas e o tabagismo nas televisões pagas com o imposto dos moçambicanos, em lugar de potenciar o turismo da diferença. O turismo da diferença é o turismo do futuro.
O futuro está aqui: em Tete, na Ilha de Moçambique e em toda a parte deste vasto e rico país que se chama MOÇAMBIQUE. ZICOMO e um abraço nhúngue a todas crianças africanas, pela ocasião do 16 de Junho.
WAMPHULA FAX – 20.06.2016