“Alta tensão” na Frelimo
A Organização da Juventude Moçambicana (OJM), por sinal um braço do partido Frelimo anda inconfortável com o seu partido ao nível da província da Zambézia. Tudo segundo apurou o Diário da Zambézia gira em volta do “tacho”, portanto, a OJM reclama inserção de jovens daquele movimento na máquina governativa, situação que não é acolhida pela liderança mais alta da Frelimo nesta parcela do país.
E há dias, quando o Presidente da República e simultaneamente presidente da Frelimo visitou a província da Zambézia, foi obrigado a gerir esta “tensão alta” que se vive no seio do seu partido. No encontro com os membros do Secretariado Provincial, havido em Mopeia, foi o próprio Secretário da OJM, Mateus Tomás que no seio dos seus camaradas, mostrou essa indignação segundo a qual, o Primeiro Secretário da Frelimo, Paulino Lenço não tem facilitado a vida da OJM na Zambézia.
Segundo as mesmas fontes internas da Frelimo que nos confidenciaram, Mateus terá ido mais longe, ao dizer que a OJM havia proposto nomes dos seus membros para serem indicados chefes dos Postos ou outros cargos na máquina governativa, mas que estes nomes foram rejeitados. Essa adicionada a outras questões, segundo fomos informados, tem sido motivo de desavenças.
Nyusi poem ordem
Depois de ouvir estas lamúrias todas, o Presidente do Partido Frelimo, Filipe Nyusi pediu coesão, porque segundo as nossas fontes, Nyusi terá mesmo mostrado o seu desagrado com este tipo de reivindicações que foram apresentadas pelo Secretário da OJM.
Mas o que se passa na verdade?
Para os leitores bem atentos e sobretudo aqueles que tem vindo acompanhar as nossas edições, podem lembrar-se que no seio da Frelimo, a coesão é verbal apenas, porque na hora da verdade, as alas sobressaem e aí, todos vê o que acontece. É que a eleição de Lenço foi no meio de um ambiente tenebroso, tudo porque as alas já haviam se dividido e venceu quem mais teve punho. Quando se pensava que isso passou, vieram as eleições na OJM que também mostraram aos membros e não só que o partido anda dividido na hora certa. Mateus Tomás, suportado por alguns deputados da Assembleia da República que faziam parte da sua ala, derrotou uma outra ala cujo o suporte também era de alguns parlamentares que deram “tudo” para a eleição de Lenço.
Aqui, já tinha sido aberta “a guerra” no seio do partido. Depois da eleição do Secretário da OJM, estas duas alas nunca comungaram mesmos ideias, apesar de que aqui, do lado de fora, fingem que estão juntos. Quando houve sessão da OJM em Alto Molocué, ainda neste ano, no seu discurso de abertura, Paulino Lenço avisou aos jovens do seu partido para que não usassem a organização como um “trampolim” para chegarem a Assembleia da República, onde muitos jovens frelimistas anseiam. Neste mesmo discurso, Lenço pedia para que os eleitos da OJM trabalhassem com todos jovens sem olhar a raça, local de residência, condições materiais, etc.
Estava dado o recado a OJM liderada por Mateus que é tido como Secretário de um grupo de jovens da “elite” da área do cimento com algum poder financeiro. Aliás, algumas vozes dizem que Mateus também teve suporte desta “nata” juvenil e hoje supostamente está amarrado e não consegue satisfaze-los. Em menos de um ano após as eleições na OJM e dois na Frelimo o barulho está a soar para fora. O DZ sabe que nesta sessão de Mopeia, a OJM levou todos seus secretários distritais para aumentarem a plateia, mas tudo na tentativa de fazer eco as reclamações do seu líder ao nível da província.
Outras nuances
Há pouco tempo, Agostinho Trinta, membro sénior da Frelimo veio a Zambézia, para dirimir um conflito, portanto, o mesmo que opõe estas duas facetas da mesma família. A ala protestante terá alegadamente escrito uma missiva aos órgãos centrais da Frelimo onde apontavam estas e outras coisas.
E como o partido conhece como são os seus camaradas na Zambézia, Trinta teve que vir ouvir as partes para depois levar de volta ao núcleo duro da Frelimo o que apurou na província. Este é um assunto que certamente vai dar que falar, sobretudo quando nos aproximamos dos pleitos eleitorais onde a Frelimo sonha em resgatar autarquias que estão sob gestão da oposição.
DIÁRIO DA ZAMBÉZIA – 26.07.2016