Instituições estatais negoceiam com os fornecedores privados corte nas facturas referentes a 2016, na sequência do boicote decretado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e parceiros multilaterais de apoio ao Orçamento do Estado, movidos pela dívida oculta.
Pelo menos quatro instituições ministeriais por nós contactadas negoceiam com fornecedores eleitos a dedo, em função da qualidade da oferta, a baixa do valor estampado na factura referente a 2016.
Os demais fornecedores são comunicados da rescisão dos serviços por aqueles prestados.
Em causa, a nova estratégia de contenção da despesa nas contas públicas.
Estratégia já comunicada a todas as instituições públicas no sentido da observância, com o rótulo de rigor, da poupança até determinada verba.
Há casos, por exemplo, de fornecedores convencidos a baixar o preço até metade. Mesmo nessas situações, dependendo do valor em causa, as instituições pretendem que a factura seja paga em duas tranches, semestralmente até final do ano, de modo a cumprir com as exigências do Tesouro.
Nos bastidores, a ira invade os que não são abrangidos pela continuidade no negócio com o Estado e o conformismo dos que, embora continuando a fornecer os seus serviços às instituições públicas, são obrigados a cortar na factura.
Mas, como dizia um fornecedor conformado pela situação, “mais vale receber essa metade do que receber zero”, até porque muitos quereriam estar na lista dos confiáveis.
Outro fornecedor do Estado por nós ouvido, diz que não é nenhuma novidade para ninguém que o país “está a atravessar um mau momento, daí perceber a iniciativa que tem sido avançada de cortar na despesa” mas entende que esse esforço possa ser convertido “em resultados que depois se reflictam no final das contas do ano”, sublinha o interlocutor.
O Fundo Monetário Internacional e os parceiros multilaterais decidiram não desembolsar os fundos necessários antes acordados com o governo moçambicano, por causa de dívidas contraídas pelo executivo de Armando Guebuza, sem o pleno conhecimento tanto do Fundo e dos moçambicanos.
A retoma da normalidade está dependente de uma série de exigências a serem cumpridas integralmente pelo governo do dia, que incluem auditoria internacional à situação da dívida, transparência e responsabilização aos que lideraram o processo de dívida.
EXPRESSO – 14.07.2016