As delegações do Governo moçambicano e da Renamo, principal partido da oposição, nas negociações para a paz no país, pediram hoje aos mediadores internacionais para atuarem com isenção, evitando defender os interesses das partes em conflito.
"Transmitimos aos mediadores que devem atuar em grupo, como um bloco, e não divididos em função de a sua participação ter sido sugerida pelo Governo ou pela Renamo", disse o chefe da delegação do Governo, Jacinto Veloso, falando em conferência de imprensa, em nome e na presença dos membros da delegação do executivo e da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).
Falando no final do encontro entre as duas partes, que decorreu na presença dos mediadores internacionais, que participaram pela primeira vez no atual processo negocial sobre a paz em Moçambique, Veloso declarou que o Governo e a Renamo manifestaram a confiança na apresentação pelos mediadores de soluções para a busca de uma paz definitiva para Moçambique.
Na reunião de hoje, assinalou o chefe da delegação do executivo, apresentaram-se igualmente os seis elementos que reforçaram o Governo e a Renamo, três para cada um dos lados.
Jacinto Veloso adiantou que estiveram presentes na reunião os mediadores indicados pelas seis entidades propostas pelas duas partes.
O Governo moçambicano propôs a participação como mediadores da Fundação Faith, liderada pelo ex-primeiro ministro britânico Tony Blair, da Fundação Global Leadership, do ex-secretário de Estado norte-americano para os assuntos africanos Chester Crocker e do antigo Presidente da Tanzânia Jakaya Kikwete.
Por sua vez, a Renamo propôs a participação da União Europeia, Igreja Católica e África do Sul.
As duas partes voltam a encontrar-se na quinta-feira em Maputo com a presença dos mediadores.
Apesar de o Governo e a Renamo terem reatado as negociações, os ataques de supostos homens armados da Renamo a veículos civis e militares em vários troços do centro do país não têm cessado e o movimento acusa as Forças de Defesa e Segurança de intensificarem os bombardeamentos na serra da Gorongosa, onde se presume encontrar-se Afonso Dhlakama.
O principal partido de oposição recusa-se a aceitar os resultados das eleições gerais de 2014, ameaçando governar em seis províncias onde reivindica vitória no escrutínio.
PMA (HB) // EL
Lusa – 20.07.2016