Esforços de Nyusi para resolver os pendentes políticos e económicos
- A EIU fala da existência de rivalidades entre alas na Frelimo, realidade que vai importunar a investigação das “dìvidas ocultas”, assim como vai tornar mais longas as negociações para se alcançar a paz
A Economist Intelligence Unit (EIU), uma unidade especializada em análises, comentários e previsões do grupo inglês, Economist Group, diz que no seio do partido governamental em Moçambique, a Frelimo, continuam “guerras” entre a chamada ala reformista e a conservadora.
Esta última, entende a Economist, continua a ser bastante influenciada pela imagem do anterior Presidente da República e da Frelimo, Armando Guebuza.
A manutenção de grupos razoavelmente antagónicos no seio do partido governamental pode estar a influenciar, negativamente, a rápida resolução de diferentes e mais diversos pendentes da actualidade económica e política, a exemplo da gestão da crise da dívida e a tensão política e militar.
Em relação à crise da dívida pública, se sabe, uma das grandes exigências da comunidade doadora internacional é que os “cérebros” da operação que culminou com o endividamento do país, às escondidas, em cerca de 2.2 biliões de dólares, sejam clara e exemplarmente responsabilizados.
Nesta operação, os nomes que mais tem sido citados são os de Amando Guebuza e Manuel Chang e, para o EIU, o facto de a imagem do antigo presidente continuar viva numa das alas partidária pode representar uma barreira a considerar no andamento normal do processo investigativo, visando responsabilizar os possíveis e potenciais culpados pela operação.
Apesar desta realidade, a análise que temos vindo a citar, espera que Filipe Nyusi continue a buscar caminhos para assegurar e fazer valer a sua autoridade, sem contudo, recorrer e entrar em choques com outros entendimentos partidários.
“O presidente Filipe Nyusi vai lutar para fazer valer a sua política autoridade, enquanto uma facção “linha-dura” dentro do partido (aliado do ex-presidente, Armando Guebuza) procurará manter influência. Estruturas de poder paralelas dentro da Frelimo vão minar a capacidade do governo para responder aos desafios políticos e económicos de Moçambique” – refere, colocando alto potencial de as “chamadas (convocatórias) de dentro do partido para um inquérito sobre a alegada corrupção estatal vai exacerbar a divisão entre reformistas e a velha guarda”.
Apesar de o EIU não colocar em causa a continuidade de Filipe Nyusi à frente dos destinos do país, entende que o Presidente da República não apresenta força e capacidade suficientes para restaurar completamente a unidade do partido.
Além de importunarem o curso normal do processo investigativo das “dívidas escondidas”, o jogo de influências no seio do partido governamental vai, igualmente, tornar mais longo o processo negocial entre o governo e a Renamo, exactamente porque não existe consenso sobre o que exactamente deve ser feito e deve ser aceite em torno das exigências da Renamo.
Neste momento, segundo se sabe, se aguarda a vinda, ao país, dos mediadores internacionais indicados pela Renamo e também os indicados pelo governo.
A lista dos mediadores indicados, à última hora, pelo governo, inclui, segundo publicou o mediaFAX em primeira mão, o antigo presidente da Tanzânia, Jakaya Kikwete, a Fundação Faith do antigo Primeiro-Ministro britânico, Tony Blair e a Fundação Global Leadership do académico Chester Crocker também antigo subsecretário de Estado norte-americano. A esta última organização fazem, igualmente, parte o também antigo presidente do Botswana, Ketumile Masire e a baronesa Lynda Chalker, antiga ministra para o Desenvolvimento do governo conservador britânico entre 1989 e 1997.
MEDIA FAX – 14.07.2016