Gove já não consegue disfarçar a conivência no roubo
O Banco de Moçambique convocou a imprensa na tarde de quinta-feira, para falar sobre a situação económico-financeira do país.
Mas, momentos antes da conferência de imprensa, a directora-adjunta de Comunicação e Imagem do Banco de Moçambique, Eliana Munguambe, fez uma apresentação sobre os procedimentos que deveriam nortear a conferência de imprensa: “Colegas, o governador vai apenas responder a três perguntas: a primeira e a segunda exclusivamente sobre as decisões do Comité de Políticas do Banco, e a terceira fica ao vosso critério”.
O anúncio não foi bem recebido pelos jornalistas presentes, que estavam munidos de perguntas de fundo sobre o papel do Banco de Moçambique na gestão da actual crise financeira.
A directora Eliana Munguambe fez questão de frisar: “Não queremos perguntas sobre a EMATUM, porque isso foi esclarecido pelo Ministério das Finanças”. No entanto, durante a conferência de imprensa, o governador do Banco de Moçambique aceitou responder a mais perguntas, mas quase todas relacionadas com a temática planificada.
Agravamento da situação económica e financeira
O governador do Banco de Moçambique, ontem, voltou a alertar os moçambicanos sobre o cenário de agravamento da situação económica e financeira nos próximos tempos.
Ernesto Gove anunciou que, oficialmente, a inflação anual em Moçambique é de 19,7%, uma variação negativa que compromete largamente o investimento e os depósitos a prazo. O Banco de Moçambique declara que, só em Maputo, a inflação situa-se em 17,75%.
Ladeado pela equipa de direcção do Banco de Moçambique, Ernesto Gove disse também que, apesar da pressão da crise, as reservas internacionais continuam a um nível internacionalmente aceitável, sendo de 1,9 bilião de dólares americanos.
O Banco de Moçambique anunciou o agravamento em 300 pontos-base das taxas directoras de cedência e depósitos. As novas cifras passam a vigorar a partir de hoje, sexta-feira, 22 de Julho.
Esta não é a primeira vez que, este ano, o Banco de Moçambique altera as taxas directoras, mas os indicadores macro-económicos mantêm a tendência de queda acentuada. Sobre isso, Gove diz que é cedo para se fazer uma avaliação exaustiva dos impactos das medidas que o Banco de Moçambique tem vindo a tomar. O governador do Banco de Moçambique diz que, independentemente dos resultados que as medidas do banco podem vir a alcançar, sempre alguma coisa deve ser feita.
Sem indicar números e explicar as razões, o governador do Banco de Moçambique anunciou a tendência da redução das importações, “mas ainda não estão ao nível de serem cobertas pelas exportações”.
O Banco de Moçambique apontou como causas da actual crise moçambicana as seguintes: a seca e as inundações que se registaram no início deste ano no centro e no Sul do país; a queda dos preços das mercadorias no mercado internacional; o corte do financiamento ao Orçamento Geral do Estado, este ano, pelos principais parceiros de cooperação internacionais; a depreciação do metical; os confrontos armados entre o Governo e a Renamo. (Eugénio da Câmara)
CANALMOZ – 22.07.2016