A Comissão de Direitos Humanos do Zimbabué condena violência excessiva contra manifestantes anti-Mugabe. Partidos da oposição temem que o Presidente zimbabueano decrete o estado de emergência.
O clima de tensão toma conta das ruas da capital, Harare. As forças policiais têm reprimido fortemente protestos a exigir a destituição de Robert Mugabe há várias semanas. Os manifestantes acusam o Presidente zimbabueano do fracasso económico do país.
Mugabe afirmou que os protestos no Zimbabué não se transformarão numa nova versão da "Primavera Árabe", pois será reprimida toda e qualquer manifestação contra o seu Governo.
A Comissão de Direitos Humanos do Zimbabué condena a violência excessiva.
"As preocupações com a segurança não devem ser usadas como desculpa para perseguir manifestantes ou não manifestantes. Os cidadãos devem ter proteção policial e não ser alvo de brutalidade", lê-se num comunicado da comissão.
Na semana passada, pelo menos 67 pessoas foram detidas por terem participado em manifestações.
"Agir violentamente é inconstitucional", diz a advogada Fadzayi Mahere, que classifica como arbitrária a reação do Estado. "O Zimbabué não é um Estado policial; não é um Estado militar. O que a polícia está a fazer não está bem".
"Um novo Zimbabué"
O ativista de direitos humanos Patson Dzamara já foi preso e espancado em várias ocasiões.
"Nós não queremos opressão; nós não queremos guerra", afirma em entrevista à DW África. "Nós acreditamos que, se quisermos construir um novo Zimbabué, um país melhor, isto só vai ser possível por meio do amor".
Os partidos de oposição temem que o Presidente Robert Mugabe decrete em breve o estado de emergência no país. O anúncio, segundo a oposição, é uma estratégia para controlar as manifestações.
Mas, segundo Morgan Tsvangirai, líder da oposição no Zimbabué, os protestos deverão evoluir para algo inesperado: "Não se sabe quanto tempo isto durará e nem para o que estamos a evoluir. O que eu posso garantir é que a raiva do povo é muito evidente. O desespero das pessoas é muito evidente. E, na minha opinião, o povo não vai ceder."
DW – 30.08.2016