“Mafalala: Memórias e Espaços de um Lugar” é o título de um livro sobre este bairro suburbano da cidade de Maputo a ser lançado domingo no Lima’s Bar.
Esta é a primeira obra moçambicana que se foca no património existente na periferia e explica toda uma componente urbana, social e cultural. Esta acção contempla uma das fases do processo de documentação e inventariação do património cultural do bairro da Mafalala, desencadeada pela Associação Cultural e Ambiental IVERCA.
A obra foi escrita e organizada por uma equipa de investigadores portugueses e moçambicanos que sentiu a necessidade de trabalhar e registar um assunto que, ambas partes, de diferentes formas, tinham estudado e conheciam.
Deste modo, o diálogo, as transferências de conhecimentos e o superior interesse de assim servir a comunidade orientaram os autores do livro.
A produção do livro partiu do cruzamento de olhares do Urbanismo e dos Estudos Culturais sobre as cidades de Luanda e Maputo. Teve como espaço conceptual central o conceito de cidade como texto (Lévi-Strauss) ou palimpsesto de textos (André Corboz), e olhou a cidade como espaço de fundação da ocupação, como espaço colonial, como espaço de resistência e como espaço forjador das novas nações.
O livro conjuga o projecto da Associação IVERCA - Mafalala Turística, com o apoio da iniciativa académica Patrimónios de Influência Portuguesa e coordenado pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, que se dedica ao estudo e interpretação proactiva das heranças das culturas que se exprimem em língua portuguesa.
No âmbito desta investigação, o espaço urbano e cultural da Mafalala foi estudado pelos investigadores Francisco Noa e Fátima Mendonça (especialistas em literatura moçambicana, sendo o primeiro antigo residente do bairro) e Nuno Simão Gonçalves (arquitecto).
Esta obra conta igualmente com a participação de dois elementos da IVERCA, nomeadamente Ivan Laranjeira (presidente da organização) que faz uma abordagem que situa num primeiro texto o trabalho da IVERCA no bairro e em Moçambique, e Rui Laranjeira, docente, historiador e ensaísta autor do primeiro estudo sobre a Marrabenta, que se debruça sobre a história social da Mafalala.
Fátima Mendonça e Francisco Noa falaram sobre a pujança poética, cultural e política da Mafalala e Nuno Simão Gonçalves, arquitecto e investigador moçambicano, desenvolveu o estudo sobre o lugar e o espaço urbano do bairro com o qual se fecha o livro.
NOTÍCIAS – 17.08.2016