- Homenagem promovida pela Renamo, na cidade de Maputo, veio agravar a situação da atleta Karateca
O Presidente da Associação Moçambicana de Karaté Shukokai reconhece que, em termos concretos, não existe qualquer crime de que possa vir a ser acusada a karateca moçambicana que, em nome da paz, exibiu a bandeira do maior partido da oposição em Moçambique, a Renamo, depois de ter ganho a medalha de prata nos campeonatos mundiais de Karaté.
Joana Pereira, depois de vencer a medalha, já no pódio decidiu exibir inicialmente a bandeira da Renamo, na mesma altura que envergava a camisete com inscrições “PAZ”, numa atitude que, segundo ela, visava sensibilizar o governo e a Renamo a encontrarem urgentemente os caminhos da paz para os moçambicanos.
No regresso ao país, a karateca mereceu um processo disciplinar por parte da Associação Moçambicana de Karaté e a situação da atleta piorou nos últimos dias, tudo pelo facto de a Renamo ter homenageado a mesma atleta e exibido publicamente as imagens do evento.
É aqui, onde além do simples “processo disciplinar”, a Associação decidiu suspender preventivamente a atleta de qualquer prática da modalidade.
“A Direcção da Associação Moçambicana de Karate Kimura Shukokai Internacional, vem por este meio, comunicar a suspensão da atleta Joana Pereira, atleta do Clube Ferroviário de Maputo…até que termine o processo disciplinar levantado a esta atleta na sequência dos últimos acontecimentos, divulgação das imagens registadas no mundial de karaté e…imagens registadas aquando da sua aparição num evento do partido Renamo, na semana finda” – refere a comunicação da Associação, datada de 16 de Agosto e assinada pelo respectivo presidente, Carlos Dias.
Ou seja, a atleta tinha apenas um procedimento disciplinar em curso, mas o facto de ter aceite uma homenagem da Renamo, abriu espaço para a suspensão preventiva, proibindo a atleta de qualquer aparição pública em nome da modalidade. Em contacto com o mediaFAX, esta terça-feira, o presidente da Associação reconheceu que, em termos reais, não existe qualquer crime, mas “não se deve misturar desporto com política”.“Reconheço que não há ali qualquer crime, só que não é ético desportivamente.
Um atleta não pode associar a sua imagem à política. O que não é correcto é juntar a política ao desporto. Podia ser bandeira da Frelimo, PIMO, PASOMO, ou de qualquer outro partido, a decisão seria exactamente a mesma.
Não é correcto nem ético desportivamente o que ela fez” – censurou o dirigente desportivo. Porque o governo não oferece qualquer patrocínio às chamadas “modalidades não prioritárias”, para participar nos campeonatos mundiais de karaté que tiveram lugar na Alemanha, a atleta pediu apoio a várias entidades, incluindo o partido dirigido por Afonso Dhlakama. (Ilódio Bata)
MEDIA FAX – 31.08.2016