“Mas, quanto aos tímidos, aos abomináveis, e aos homicidas, (…), a sua parte será no lago do enxofre; o que é a segunda morte” Apoc. 21:8
Se o ler é uma experiência incrível, por ser uma viagem contida em cada livro, investigar é ainda mais apaixonante. Por isso, os meus respeitáveis leitores atentos ter-se-ão apercebido de que, salvo algumas excepções, grosso modo, os meus textos resultam em princípio duma cuidada investigação, ou de um conhecimento profundo do assunto.
Daí que, além da Bíblia, tenho sempre debaixo da minha almofada uma obra de algum escritor, ressaltando que, mesmo sendo eclético nas minhas leituras, não obstante, gosto de obras de filosofia, antropologia e, incontornavelmente, obras teológicas. Semana que ontem terminou, descobri na biblioteca virtual um cientista político e historiador americano de seu nome Rudolph Joseph Rummel, autor de quase vinte livros com informações sobre aquilo a que chama de “casos de democídio”.
Nas suas pesquisas, Rummelcloncluiu que um democrata raramente atacaria outro e não se voltaria contra o seu povo. Construiu um amplo banco de dados sobre a violênciasistemática e deliberada do Estado ou do Governo contra o povoe o nome que ele achou adequado aos assassinatos de pessoas por um ditador foi o de democídio.
Diz o historiador que, “se enfileirarmos os cadáveres das vítimas de democídio no século 20, eles dariam 6 voltas em torno da Terra”. Prosseguindo, diz: “Em números absolutos, o maior matador foi o ditador chinês Mao Tsé-tung, que mandou nada menos que 77 milhões de compatriotas para o além.” Em jeito de conclusão, Rummel diz: “Em percentual relativo, o líder mais sanguinário foi o general Pol Pot, que assassinou “apenas” 2 milhões de pessoas – um terço da população do Camboja, país em que ele foi primeiro-ministro entre 1976 e 1979”.
E, como eu estava investigando o nome a dar a um matador não-governamental, mas que reclama o direito de ter sido ele o criador de um sistema político chamado “democracia” no nosso país, e por conta disso, para implantar tal “democracia”, ou para satisfazer simplesmente as suas próprias vontades pessoais, ele pode impor os seus desejos sem se importar com os custos em vidas humanas, achei o mais adequado o mesmo título de “Virulento e Abominável Democida”.
Descobri também que, apesar de muitos ditadores “desincarnarem” através de mortes sangrentas, não obstante muitos morrem de velhice ou de doenças naturais. E concluí que todos os ditadores têm características semelhantes, uma das quais é a megalomania de que nasceram para dominar tudo e que são insubstituíveis e ainda que subiram na vida com muito esforço, em “favor do Povo”.
Trago cinco exemplos de ditadores virulentos e cruéis democidas e causas das suas mortes: Joseph Stalin da Rússia (1878-1953), morreu de derrame cerebral; François “Papa Doc” Duvallier, de Haiti, (1907-1971) morreu de diabetes e doenças cardíacas; Augusto Pinochet, do Chile (1915-2006), morreu de insuficiência cardíaca e edema pulmonar; Idi Amin Dada, Uganda (1925-2003), morreu de falência múltipla de órgãos; e, finalmente, Mobuto Sese Seko Ngbendu wa Za Banga, do Zaire/Congo (1930-1997), cujo nome traduzido para português significa o Todo-poderoso Guerreiro que, Por Sua Força e Inabalável Vontade de Vencer, vai de Conquista em Conquista, Deixando Fogo no Seu Rasto, morreu de cancro da próstata no exílio em Marrocos. Resta-nos esperar para sabermos o modo como entregará a alma pecaminosa ao Diabo o nosso Democida, “Pai da Democracia”, pois está escrito “a sua parte será no lago do enxofre”.
Kandiyane Wa Matuva Kandiya
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JORNAL DOMINGO – 21.08.2016