Negociações para a paz
Os mediadores voltam a Moçambique no próximo dia 12 de Setembro.
Terminou na noite de quarta-feira o segundo ciclo das negociações entre as delegações mandatadas por Filipe Nyusi e por Afonso Dhlakama com a presença dos mediadores internacionais.
No final da sessão de quarta-feira, Mario Raffaelli, coordenador da equipa de mediadores internacionais, anunciou a suspensão das negociações até ao próximo dia 12 de Setembro.
Segundo Mario Raffaelli, as delegações do Governo e da Renamo, na reunião da Comissão Mista, na quarta-feira, 24 Agosto, voltaram a não se entender sobre a questão prévia colocada pelos mediadores, referente à declaração de uma trégua militar antes do início da discussão do Ponto Dois da agenda, que é a “Cessação das Hostilidades Militares”.
Numa declaração dos mediadores emitida no final do encontro, às 22h00, apresentada por Mario Raffaelli, os mediadores afirmam que entregaram às duas delegações uma proposta sobre a suspensão das hostilidades.
A declaração diz que, antes da discussão do segundo ponto de agenda, referente à cessação imediata das hostilidades militares, os mediadores internacionais colocaram como questão prévia a necessidade de terem um contacto com o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama.
Segundo a declaração dos mediadores, a delegação da Renamo concorda com a visita dos mediadores internacionais a Afonso Dhlakama.
Por outro lado, a Renamo aceita uma trégua temporária na Serra da Gorongosa, desde que o Governo retire as forças ali estacionadas, devido ao perigo e insegurança que aquelas posições representam.
Quanto à delegação do Presidente da República, a declaração dos mediadores diz que esta concorda com a sua proposta de decretar uma trégua militar e de todas as formas de violência em todo o território nacional, mas considera que as suas forças não podem retirar-se daquelas posições, porque estão em missão de protecção da população e dos seus bens.
A delegação de Filipe Nyusi considera que é apenas a suspensão das hostilidades que garante a segurança dos mediadores no corredor que deve ser estabelecido para a sua movimentação.
No final da declaração, os mediadores apelam às partes para, durante a interrupção das negociações, se absterem de todas as acções violentas, para aliviar o sofrimento do povo moçambicano.
Durante a ausência dos mediadores, vai continuar a trabalhar a subcomissão, criada a 17 de Agosto, que está encarregada de preparar a proposta de legislação. Essa subcomissão é constituída por Alfredo Gamito e Edmundo Galiza Matos Jr., ambos da Frelimo, e por Jeremias Pondeca Munguambe e Ana Maria Inácio, ambos da Renamo.
Hoje, os mediadores despedem-se da imprensa distribuindo a sua proposta sobre o fim das hostilidades militares, que foi entregue às delegações. (Bernardo Álvaro)
CANALMOZ – 25.08.2016