CARTA A MUITOS AMIGOS
Fiquei magoado ao tomar nota pela comunicação social que um respeitado e valoroso comandante da guerrilha sandinista e libertadora, sob o pretexto que importava promover a mulher propôs que a sua esposa se tornasse a candidata a Vice-Presidente da República.
Entre as antigas combatentes, as gerações que se sucederam desde a libertação apenas só existe a sua esposa como mulher e símbolo da emancipação feminina?
Diz-se que o poder corrompe e o poder absoluto corrompe totalmente, lá e em toda a parte do mundo, claro, na nossa terra que também existe neste planeta.
De onde aprendemos e quem nos ensina a infâmia?
Vejamos continente por continente e sobretudo os principais professores de democracia e direitos humanos.
Comecemos pelo continente americano.
- Péron, ditador da Argentina e bom amigo de Hitler, fez-se suceder na morte pela mulher. De memória creio tratar-se do primeiro caso, mas legou o exemplo que muitos se apressaram a seguir lá e noutros países.
- Desde então tornou-se costume na Argentina e Chile a sucessão entre cônjuges. Agora a Nicarágua?!
Há que saber que na nossa terra sucederam-se duas tentativas de captura do poder que fracassaram diante da oposição cerrada dos órgãos do Partido.
Primeiro desejou-se uma alteração da Constituição no respeitante ao número de mandatos consecutivos do Chefe do Estado. Travou-se, o CC disse que nenhuma revisão podia tocar nesta questão.
Mais tarde buscou-se fazer da esposa a sucessora. Falhanço total. Não passou de uma sugestão que ninguém apoiou. Procurou-se um menino bonito e obediente para o cargo, o voto no CC descartou-o para um terceiro lugar se bem me lembro.
Um pseudo jornalista tentou afirmar que havia uma vala comum com 120 corpos. Nunca a viu. Jamais um parente das ditas vítimas afirmou que o seu pai, mãe, filho haviam desaparecido. Quem contou os tais 120 corpos?
Uma agência séria e de reputação mundial depois de publicar o que não passava de uma calúnia e mentira infames, veio a público pedir desculpas. Há que dizer que o tal jornalista e a sua agência nunca pediram desculpas.
Mais recentemente jornalistas da agência boateira acusaram as Forças Armadas de assassinarem a sangue frio dois cidadãos do Bangla Desh. Zero de provas de que os militares governamentais houvessem cometido tal barbaridade.
Há pasquins cá na terra, uns de duração bem curta, outros porque financiados por mandantes de crimes incluindo de um jornalista honrado e competente sobrevivem graças à publicação de artigos escritos ou não pelo criminoso.
Há falsos jornalistas e jornais em toda a parte do mundo. Devemos saber como separar o trigo do joio!
Verdade temos por cá um tiranete sádico e com um ego maior que todos os oceanos juntos.
Pouca comunicação social o denuncia como terrorista e preferem a expressão mais que duvidosa de tensão político-militar.
Cobardia? Tentativa de agradar a gregos e troianos? Fuga à verdade e à honestidade?
O pobre diabo até se sente orgulhoso em mandar passear os próprios mediadores que ele mesmo solicitou.
Um militar da RENAMO, entre outros, acaba de ser nomeado Chefe-Adjunto do Estado-Maior-General das Forças Armadas de Moçambique. Espero que como os seus antecessores saiba que deve obedecer ao Estado, ao Comandante em Chefe, respeitar a Constituição e a Lei. Esse é o seu dever.
O meu abraço para a seriedade.
SV
O PAÍS – 22.08.2016