Exploração de hidrocarbonetos no país
A empresa petrolífera italiana ENI tem abordado diferentes bancos para pedir financiamento para o desenvolvimento do projecto de exploração do gás offshore em Moçambique, segundo fontes da empresa, citadas pela Reuters.
A petrolífera confirmou que se reuniu com banqueiros em Londres na semana passada, onde discutiram sobre o financiamento de projectos para desenvolver o campo de Coral, parte das enormes reservas, descobertas há seis anos na Área 4 da concessão ao largo da costa moçambicana.
Uma fonte familiarizada ao assunto garantiu à Reuters que “o financiamento caminha para biliões de dólares”, a fonte acrescenta ainda que os bancos foram à procura de garantias de crédito nos governos estrangeiros, incluindo a Grã-Bretanha e a China.
Os bancos podem dar resposta no período de três a quatro semanas, com os prazos de empréstimos que estão dispostos a fornecer. Esta é uma das últimas etapas antes da ENI tomar uma decisão sobre o investimento final (FID) no projecto, segundo duas fontes próximas ao negócio, citadas pela Reuters. A ENI garantiu que até final do ano iria anunciar o FID.
De acordo com a agência noticiosa, a situação do conflito-político militar que o país vive e as recém-descobertas dívidas ocultas deixam alguns credores preocupados com um possível envolvimento em projectos em Moçambique.
As reservas descobertas na bacia do Rovuma nos últimos anos, ascendem a cerca de 85 triliões de pés cúbicos, uma das maiores descobertas em uma década e suficiente para abastecer a Alemanha, Grã-Bretanha, França e Itália por quase duas décadas.
O gás oferece ao país uma oportunidade de transformar-se, de um dos países mais pobres do mundo num Estado de renda média e um exportador principal de gás natural liquefeito global (GNL).
Negociações no Rovuma
As negociações com os operadores ENI e a americana Anadarko arrastam-se há anos, devido a disputas sobre termos e preocupações acerca da queda dos preços da energia. No entanto, tem havido vários sinais de progressos significativos nos últimos meses.
A ENI fechou um acordo com a Samsung para o fornecimento de uma plataforma flutuante de GNL para processar o gás do campo de Coral, que será vendido para a BP.
Estão em curso negociações entre a ENI a ExxonMobil para a venda de uma participação considera multibilionária em outros campos na Área 4, disseram fontes ligadas às empresas. Em 2013, a petrolífera italiana vendeu 20% da sua licença da Área 4 a CNPC da China por 4,2 biliões de dólares, mas, desde então, os preços do petróleo e do gás caíram em mais da metade.
O PAÍS – 28.09.2016