Especialistas admitem que antigo Presidente pode vir a ser preso.
Os novos desdobramentos da operação Lava Jato com a prisão do antigo ministro dos governos Lula da Silva e Dilma Rousseff, Antônio Palocci, evidenciam que a corrupção vai continuar a ser combatida no Brasil.
E essa investigação pode sim ter Lula da Silva como um dos próximos presos, de acordo com o jurista André Missouri, que avalia os trabalhos conduzidos até o momento pela Polícia Federal.
Para ele, a prisão do ex-ministro Palocci é mais uma resposta dada pela justiça contra a corrupção na política.
Missouri entende que a Lava Jato vai continuar investigando até o fim aqueles que se beneficiam do dinheiro público.
“A prisão do ex-ministro Antônio Palocci representa claramente mais um avanço da operação Lava Jato em direção ao centro mais relevante de poder dos governos do PT porque ele foi um dos ministros mais importantes do governo Lula e também durante a gestão de Dilma Rousseff. Em um e em outro mandato ele foi afastado do ministério por denúncias de irregularidades. Realmente, à medida que a Lava Jato vai se aproximando do centro verdadeiro de poder e de decisão dos governos federais do PT parece que é uma operação que vai mesmo até o fim”, considerou.
O jurista não vê irregularidades na condução das investigações e acredita que as críticas feitas contra a Lava Jato são infundadas.
“O que se tem verificado até agora na prática é que quase a totalidade, mais de 90% das decisões proferidas pelo juiz Sérgio Moro, foram mantidas pelos tribunais. Então, apesar de todas essas críticas feitas à Lava Jato aparentemente tudo tem sido feito dentro da lei. Seria difícil supor que todas as instâncias do judiciário tivessem envolvidas com alguma questão política, de perseguição ou mesmo de violação de direitos e de garantias fundamentais como tem sido o teor das críticas que se faz à operação”,afirmou.
André Missouri ainda ressalta que o PT e os seus defensores têm cada vez mais dificuldades de apresentar novas defesas a cada investigação que surge na Lava Jato.
Para ele é claro que o partido está mergulhado em corrupção.
“A situação política, além de jurídica, legal e criminal, mas a situação política do ex-presidente Lula e por decorrência lógica do Partido dos Trabalhadores ficam cada vez mais delicadas, ficam politicamente cada vez mais desgastadas. Fica cada vez mais evidenciado que as gestões do PT à frente da Presidência da República cada vez mais estão ligadas aos esquemas de corrupção. Realmente fica cada vez mais difícil para o PT e para seus defensores apresentarem explicações convincentes sobre cada detalhe que vai sendo revelado à medida que as fases da operação vão se sucedendo”.
Ele ainda não descarta uma possível prisão de Lula da Silva, em função dos desdobramentos da Lava Jato.
“A prisão do ex-ministro Antônio Palocci é um golpe muito duro na imagem dos ex-presidentes Lula e Dilma. Cada vez mais a Lava Jato vai chegando mais próxima do ex-presidente Lula”, concluiu.
Por seu lado, o cientista político Carlos Melo também entende que a Lava Jato tem um peso enorme na imagem do Partido dos Trabalhadores, que é uma referência na política de esquerda.
Mas não apenas essa investigação, pois a imagem do partido já está desgastada há quase dois anos.
“Do ponto de vista geral esse prejuízo para o PT já está consolidado. O PT de certa forma já passa por esse processo desde o ano 2015. A Lava Jato vem agindo de uma forma descomunal em cima da imagem do partido. Não é o único partido que está envolvido, outros também estão. Mas o PT acaba pagando um preço maior porque é um símbolo”, ressaltou em entrevista à Rádio CBN.
VOA – 27.09.2016