Os mediadores internacionais nas negociações de paz em Moçambique apresentaram ontem às delegações do Governo moçambicano e da Renamo uma proposta sobre a exigência do maior partido de oposição de governador em seis províncias onde reivindica vitória eleitoral.
“Apresentámos uma proposta sobre o problema da nomeação de governadores da Renamo [Resistência Nacional Moçambicana] e agora as partes vão refletir sobre isso”, disse à imprensa Mario Raffaelli, coordenador da equipa de mediação das atuais negociações de paz em Moçambique, após mais uma sessão em Maputo
Sem avançar a essência da proposta dos mediadores, Mario Raffaelli disse que alcançar um consenso sobre o ponto de agenda da nomeação dos governadores da Renamo pode facilitar o processo de descentralização.
“Achamos que era importante resolver definitivamente este ponto”, acrescentou Mario Raffaelli, que também foi o mediador-chefe do Acordo Geral de Paz, que colocou, em 1992, em Roma, fim a 16 anos de uma guerra civil que vitimou mais de um milhão de pessoas.
A região centro de Moçambique tem sido palco de confrontos entre o braço armado do principal partido de oposição e as Forças de Defesa e Segurança e denúncias mútuas de raptos e assassínios de dirigentes políticos das duas partes.
As autoridades moçambicanas acusam a Renamo de uma série de emboscadas nas estradas e ataques nas últimas semanas em localidades do centro e norte de Moçambique, atingindo postos policiais e também assaltos a instalações civis, como centros de saúde ou alvos económicos, como comboios da empresa mineira brasileira Vale.
Alguns dos ataques foram assumidos pelo líder da oposição, Afonso Dhlakama, que os justificou com o argumento de dispersar as Forças de Defesa e Segurança, acusadas de bombardear a serra da Gorongosa, onde presumivelmente se encontra.
A Renamo exige governar em seis províncias onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014, acusando a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder há mais de 40 anos) de ter cometido fraude no escrutínio.
EYAC // PJA
Lusa – 28.09.2016